Clima tenso em Moçambique após convocação de greve nacional
21 de outubro de 2024Moçambique vive uma segunda-feira (21.10) de grande tensão, com ruas desertas, comércio fechado e forte presença policial em várias províncias do país. A greve nacional, convocada em protesto contra os resultados das últimas eleições gerais, paralisa a capital, Maputo, e outras regiões.
Em cidades como Pemba, o comércio encontra-se maioritariamente encerrado, a circulação de pessoas é reduzida, e as forças de segurança estão em alerta máximo.
Maputo amanheceu com ruas praticamente desertas, escolas e comércio fechados, e uma fraca movimentação de pessoas, numa segunda-feira marcada por uma chuva miúda e forte presença policial.
A Praça dos Combatentes, assim como outras zonas da cidade, está sob vigilância, com as autoridades preparadas para controlar qualquer desordem pública, em resposta à greve nacional convocada por Venâncio Mondlane, candidato presidencial.
Agreve surge como protesto pelos resultados das últimas eleições gerais e dias após o assassinato de Elvino Dias, advogado de Mondlane, e de Paulo Guambe, mandatário do partido PODEMOS, ambos mortos a tiros na capital.
A marcha prevista para hoje pretende partir do local onde os dois foram abatidos, na Avenida Joaquim Chissano, mas a polícia já avisou que não permitirá manifestações.
Polícia lança gás lacrimogéneo
A Polícia moçambicana lançou hoje gás lacrimogéneo para dispersar as pessoas que se começavam a juntar para participar nas marchas pacíficas convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane repudiando o homicídio de dois apoiantes.
Às 08:20 locais, a cerca de 50 metros do local do início da concentração, foi disparado um tiro de gás lacrimogéneo para dispersar um pequeno grupo de manifestantes, tendo a polícia levado dois deles.
A polícia moçambicana confirmou no sábado, à Lusa, que a viatura em que seguiam Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que apoia Mondlane, mortos a tiro, foi "emboscada".
Manifestação pacífica
"Vai ser a primeira etapa, pacífica, em que nós vamos paralisar toda a atividade pública e privada. Vamos para a rua com os nossos cartazes, vamos manifestar o nosso repúdio", anunciou Venâncio Mondlane, no sábado, em Maputo, no local em que dois apoiantes foram assassinados.
Garantiu que a greve, no setor público e privado, que tinha pedido para hoje, em contestação aos resultados preliminares das eleições de 09 de outubro, é para manter, passando agora para a rua, e responsabilizou as Forças de Defesa e Segurança (FDS) pelo duplo homicídio.
A polícia moçambicana confirmou no sábado, à Lusa, que a viatura em que seguiam Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que apoia Mondlane, mortos a tiro, foi "emboscada".
O crime aconteceu na avenida Joaquim Chissano, centro da capital, e segundo a polícia uma mulher que seguia nos bancos traseiros da viatura foi igualmente atingida a tiro, tendo sido transportada para o hospital.
Em Maputo, a marcha está convocada para sair às 10:00 do local do duplo homicídio.
A polícia moçambicana avisou, antes do duplo homicídio que levou à convocação da marcha, além da paralisação, que vai travar qualquer ato de violência e desordem pública que ocorra hoje.