Cinema: Os Óscares mais "afro" de sempre
Nunca houve tantos filmes com temas, atores e diretores afro-americanos galardoados como na edição de 2019 do prémio mais importante da indústria cinematográfica. Um sinal que Hollywood aposta na diversidade étnica.
"Green Book": Melhor Filme
A maior surpresa da noite de Óscares foi a vitória de "Green Book" como melhor filme do ano, inclusivé para o realizador Peter Farrelly, que disse em Hollywood "honestamente não esperava ganhar". "Green Book" foi o filme mais premiado da edição de 2019, que ficou marcada pelos filmes com temas, atores e diretores afro-americanos. Um sinal que Hollywood aposta na diversidade étnica.
Mahershala Ali: Melhor Ator Secundário
O ator Mahershala Ali foi reconhecido como melhor ator secundário pelo seu desempenho em "Green Book" onde interpreta o papel do músico afro-americano "Doc" Don Shirley. O filme baseia-se em factos reais e retrata como, em 1962, o pianista sofreu de racismo durante uma digressão no Sul dos Estados Unidos. Este foi o segundo Óscar recebido por Mahershala Ali (depois de "Moonlight" em 2017).
"Green Book": Melhor Argumento Original
O filme retrata a amizade inesperada entre o músico e o ítalo-americano Tony Vallelonga (Viggo Mortensen), que trabalhou para Don Shirley como motorista e segurança. Na sua viagem, o pianista sofre de agressões e insultos racistas. Mesmo nos lugares onde é aplaudido, tem de observar a segregação racial imposta pelos seu hóspedes, que o impedem até de usar as casas de banho.
"BlacKkKlansman": Melhor Argumento Adaptado
"BlacKkKlansman" é outro filme premiado baseado numa história real sobre o racismo nos EUA. Em 1978, Ron Stallworth (John David Washington), um polícia negro do Colorado, conseguiu infiltrar-se na organização racista Ku Klux Klan. Ele comunicava com os outros membros do grupo através de telefonemas e cartas. E quando precisava estar fisicamente presente enviava outro polícia branco no seu lugar.
Primeiro Óscar para Spike Lee
Para o realizador de "BlacKkKlansman", o afro-americano Spike Lee, este foi o primeiro Óscar. Lee sublinhou que, "se não fosse" pelo movimento #OscarsSoWhite por mais diversidade na Academia organizadora dos Óscares, que iniciou há quatro anos, ele não teria recebido uma estatueta. "Abriram a Academia para a tornar mais parecida com a América, mais diversa", disse o cineasta.
"Black Panther": Melhor Direção de Arte
Hannah Beachler foi a primeira afro-americana a vencer um Óscar para a Melhor Direção de Arte (Cenografia), com o filme "Black Panther", em conjunto com Jay Hart. A vencedora, que fez um discurso muito emotivo ao receber o prémio da Academia, disse "Não deixem que ninguém vos diga que não conseguem fazer este trabalho", afirmou Beachler em Hollywood.
"Black Panther": Melhor guarda-roupa
O filme de ficção levou mais duas estatuetas: melhor banda sonora e melhor guarda-roupa. A última categoria foi atribuída à Ruth E. Carter, a primeira afro-americana que conseguiu vencer esta categoria. "Sonhei e rezei para viver esta noite", disse Carter que desenhou a roupa futurista do filme, que tem lugar em África. Em anos anteriores, ela já teve duas nomeações com "Amistad" e "Malcolm X".
Rami Malek nunca pensou "ter uma hipótese"
Rami Malek venceu o Óscar de Melhor Ator pela sua interpretação genial do músico Freddy Mercury da banda Queen em "Bohemian Rhapsody". Elogiou a nova diversidade e disse que a sua vitória mostra que todos têm "uma hipótese". O ator de ascendência egípcia lembrou que, enquanto crescia, não havia protagonistas parecidos com ele no ecrã e por isso achava impossível ter um papel principal.
Lady Gaga elogia nova diversidade
A cantora Lady Gaga, premiada pelo filme "A Star is Born" na categoria Melhor Canção Original ("Shallow"), também falou de diversidade e inclusão nas entrevistas dos bastidores em Hollywood. Deseja de que, no futuro, "estas cerimónias de prémios não sejam apenas masculino e feminino, mas que incluam toda a gente".