Chuvas deixam milhares de desalojados em Inhambane
19 de janeiro de 2017Milhares de famílias estão sem abrigo devido às inundações provocadas pelas intensas chuvas dos últimos dias, na província moçambicana de Inhambane.
Residências, machambas e estradas foram destruídas ou inundadas. Entretanto, famílias que se refugiaram nos telhados das suas casas já foram evacuadas. Algumas foram alojadas nas salas do Instituto de Formação de Professores, nos arredores da cidade de Maxixe.
"Ficámos sem nada", diz Carlota Maurício, residente no bairro Mademo, em Maxixe, que foi socorrida depois de se refugiar no telhado da sua casa com os seus quatro filhos. "Onde vivíamos já não há nada."
Muitas pessoas estão sem comida, água potável e até mesmo saneamento.
Ângela Miguel pede comida, roupa e cobertores com urgência: "Só salvámos as nossas vidas, pois todos os nossos bens ficaram dentro da casa. Não conseguimos recuperar nada. Não temos nem o que comer."
Bombeiros sobrecarregados
Os bombeiros confirmam que a situação é crítica em quase todos os bairros. Abdul Ramany, chefe da corporação na cidade da Maxixe, diz que os seus homens estão sobrecarregados, têm de "evacuar a água dentro das casas, nas ruas", além de retirar carros soterrados.
Segundo Ramany, os bombeiros têm começado a trabalhar às cinco horas da manhã "para poderem responder à situação" - a situação mais crítica é no bairro Eduardo Mondlane, na ECMEP (Empresa de Construção e Manutenção de Estradas e Pontes).
Desde o início das chuvas, na madrugada de segunda-feira (16.01), os transportes público nas cidades de Maxixe e Inhambane estão condicionados. Muitos habitantes não conseguem chegar aos seus postos de trabalho.
"Quando a chuva aumenta, não consigo pegar chapa (transporte público). Os motoristas levam muito tempo para circular", conta Daniel Almeida, funcionário público em Inhambane.
70 mil afetados em todo o país
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) em Inhambane disse à DW ser prematuro fazer um balanço dos danos causados pelas chuvas, mas prometeu informações à imprensa nos próximos dias.
Ainda assim, segundo o INGC nacional, o mau tempo já afetou 16 mil famílias, num total de 70 mil pessoas, em todo o país. Na madrugada de segunda-feira, pelo menos três pessoas morreram e 236 famílias ficaram desalojadas na capital moçambicana, Maputo, na sequência das fortes chuvas.
Mais de 8 mil pessoas foram afetadas pelas chuvas fortes em Maputo e Matola. Várias infraestruturas ficaram destruídas, principalmente nos bairros periféricos, segundo os dados do INGC.
As autoridades decretaram um alerta laranja para todo o território, depois de o Instituto Nacional de Meteorologia prever a ocorrência de chuvas e ventos fortes até março.