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Chegada de guineenses com Covid-19 preocupa Casamança

Mamadou Alpha Diallo | ms
9 de julho de 2020

Há cidadãos da Guiné-Bissau infetados com Covid-19 a atravessar ilegalmente a fronteira senegalesa. Chegam a Casamança à procura de tratamento para o novo coronavírus. Muitos habitantes estão preocupados com a situação.

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Senegal Casamance
Foto: picture-alliance/Godong/P. Lissac

As fronteiras entre o Senegal e a Guiné-Bissau foram fechadas logo no início da pandemia de Covid-19. Atualmente, um dos maiores receios dos habitantes de face à propagação da doença é a imigração ilegal de guineenses portadores do novo coronavírus que atravessam a fronteira à procura de tratamento.

Lamine Ndiaye, um habitante de Ziguinchor, não esconde a sua preocupação face a esta situação. "A população da Guiné-Bissau infetada com o vírus e que atravessa a fronteira de Ziguinchor é um problema que nos assusta porque os doentes podem infetar outros e ajudar na propagação da doença", diz.

Até ao momento, a Guiné-Bissau registou 1.790 casos positivos de Covid-19 e 25 vítimas mortais. Segundo,o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), "a Guiné-Bissau é um dos 10 países menos preparados para lidar com a pandemia de covid-19 a nível mundial", de acordo com as Perspetivas Económicas Regionais agora divulgadas.

Transmissão comunitária da doença?

Em maio, a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) chamou a atenção para a rápida progressão da epidemia.  A organização mostrou-se preocupada com a resposta "insuficiente e frequentemente mal coordenada", a contaminação de um grande número de trabalhadores da saúde e o estigma associado à doença.

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O sistema de saúde guineense também é precário. No fim de semana, médicos cubanos chegaram à Guiné-Bissau para ajudar o país da África Ocidental a combater o vírus.

O guineense Andoulaye Sambou, que ficou na Guiné-Bissau, diz que a partida para o Senegal explica-se pelo facto de o seu país não ter infraestruturas sanitárias adequadas devido à instabilidade política.

Conta que na principal unidade hospitalar da Guiné-Bissau, o Hospital Simão Mendes, "os doentes podem esperar um dia inteiro sem receber qualquer cuidado de saúde" e a situação é assim "em todos os hospitais públicos", acrescenta.

"A instabilidade política está a causar sofrimento a este país a todos os níveis, tanto a nível económico como educativo. E o setor da saúde é afetado da mesma forma", lamenta Andoulaye Sambou.

Uma solução transfronteiriça

Para Lamine Banding Gassama, responsável pela "Cause Première", uma ONG local envolvida na luta contra doenças infeciosas como a tuberculose, a situação requer uma solução transfronteiriça.

"É tão preocupante que é necessário assegurar uma sinergia de forças entre o Estado do Senegal e as ONG do norte e do sul e a Guiné-Bissau", sublinha.

Os casos de transmissão comunitária multiplicaram-se nos últimos dias na região, particularmente em Ziguinchor, que continua a ser o epicentro da epidemia.