Centro de Moçambique sem água potável
14 de setembro de 2017Nesta época do ano, com o calor, muitas famílias preferem ir viver para as margens dos rios Licungo e Lugela, junto à cidade de Mocuba, na Zambézia. É a forma mais simples de ter acesso a água. Das torneiras na cidade não sai nada, diz Ana Xavier. "Não temos água. Vamos buscar ao rio. Há poucos poços de água na cidade de Mocuba e os que existem não são públicos".
Ana Xavier não vive junto ao rio. Por isso tem de acordar às três ou quatro da manhã para conseguir apanhar água no baixo caudal. Há cidadãos que têm de percorrer centenas de metros a balançar baldes de água na cabeça, acrescenta Carlitos António. "O rio é grande. Seca, mas ainda sobra um pouco de água”. Carlitos António diz que há pessoas que vêm de longe para buscar água no rio. "A água do rio serve-nos para tudo: tomar banho, lavar roupa", acrescenta.
Perigo para a saúdeO que acaba por ser um problema. É preciso ter muito cuidado alerta Rosa Esqueiro."A água não é boa, provoca diarreias. Na mesma água que se usa para beber, as pessoas lavam roupa e tomam lá banho."
O diretor provincial de Saúde da Zambézia, Hidyat Kassim, diz estar a par da situação e promete distribuir purificadores de água. "Estamos cientes das dificuldades por causa desse abaixamento do caudal”. Entretanto já foram adquiridos 30.000 frascos de purificadores que serão distribuídos às populações que vivem nas margens dos rios, "para evitar que contraiam doenças por causa daquela água", disse Kassim à DW África.
Presidente Nyusi promete solução
A vila de Gúruè, a cerca de 200 quilómetros de Mocuba, atravessa uma situação idêntica. Segundo o presidente do município, Orlando Janeiro, o problema é muito grave: "O número de carenciados ultrapassa os 50 mil habitantes. Estamos a passar mal".
Recentemente o Presidente da República, Filipe Nyusi, visitou aquela região da Zambézia e prometeu soluções. Reconhecendo a gravidade do problema, o Chefe de Estado disse, no entanto: "Não é assim como vocês pensam fácil de resolver. Aqui precisa de uma construção de raiz, de um centro distribuidor.” Segundo Nyusi, Gúruè faz parte do projeto de 18 vilas moçambicanas enquadradas no projeto de construção de centros distribuidores de água: "O plano vai começar no próximo ano, este problema terá fim", prometeu o Presidente.