Centro Aberto ajuda órfãos a desenvolver competências laborais
Em Manica, centro de Moçambique, crianças e jovens órfãos podem aprender várias competências laborais num centro aberto para jovens e idosos. É uma forma de tirar os jovens das ruas e de lhes dar perspetivas de emprego.
Aprender para o futuro
Pita Tobias tem 17 anos. É órfão de pai e mãe e aprende carpintaria num centro para jovens. À DW África conta: "Estou a aprender carpintaria desde o início de 2015. Faço biscates, a concertar portas, janelas, cadeiras, fechaduras de portas, com os quais tenho ganhado dinheiro, para ajudar a minha avó em casa". O seu sonho é concluir, pelo menos, o nível médio de ensino e procurar emprego digno.
Novas oportunidades para jovens
Em Manica, o Governo moçambicano, através do Instituto Nacional de Ação Social (INAS), construiu um Centro Aberto para o Atendimento de Crianças Órfãs e Pessoas Idosas. O centro oferece cursos profissionalizantes para promover o auto-emprego e, consequentemente, tirar os mais jovens da rua e reduzir a mendicidade e criminalidade. Carpintaria, costura e agricultura são algumas das áreas ensinadas.
Futuros empreendedores
Este alpendre construído de pau a pique e coberto de plástico e capim é a "carpintaria". A carpintaria é um dos ofícios mais ensinados no centro. Alguns dos formandos mais crescidos dizem já ter conhecimentos suficientes para abrir o seu negócio, mas, como ainda não conseguem ter o próprio material, continuam a frequentar o centro.
Deixar a pobreza para trás
João Lucas, adolescente de 15 anos, decidiu abraçar o curso de costura. Já sabe coser uniformes, fatos de capulana, túnicas, entre outros modelos de roupa. "Esta peça que tenho nas mãos, fui eu que confecionei. Quero agradecer aos gestores e organizadores deste projeto porque nós, mesmo que não tenhamos emprego, sabemos fazer algo que nos dará dinheiro. A pobreza ficou para trás."
Trabalhar na indústria para depois abrir o próprio negócio
Abel Francisco, de 18 anos e órfão de pai e mãe, agradece ao Governo a oportunidade. Está perto de obter um certificado que lhe permitirá encontrar emprego mais facilmente. "Para alguns colegas foi difícil enquadrarem-se numa carpintaria industrial, por falta de certificado. Com o papel nas mãos, é fácil encontrar emprego. Gostava de trabalhar para conseguir o meu material e ter o meu negócio."
Aprendizagem a passo-e-passo
Isabel Caetano, adolescente de 14 anos, já aprende a costurar há 14 meses e conta que já sabe, pelo menos, fazer botinhas e chapéus para recém-nascidos. "Outro tipo de peça de roupa, poderei aprender com o tempo. Por agora tenho de saber costurar roupa para recém-nascidos com perfeição."
Boa estratégia governamental
Saene Francisco Sabonete, de 48 anos, é formado na área da carpintaria e tem mais de duas décadas de experiência. É o instrutor dos órfãos no centro. "O Governo pensou numa boa estratégia, ao dar ferramentas básicas para o auto-emprego, visando acabar com mendigos e vulnerabilidade. O que nos inquieta é a falta de material. O que existe é insignificante para o número de crianças."
Criar emprego
Com o valor que consegue na venda de produtos feitos por ele e biscates, Alberto Francisco investe na compra de material de carpintaria. Segundo o próprio, "chegou o tempo do desmame e de dar oportunidades a outros" que também podem beneficar da formação. "A minha ideia é abrir a minha carpintaria e contratar alguns aqui do centro. Será uma valia para mim e para eles."
É necessário mais material
De visita ao centro, Maria Glória Siaca, diretora-geral do Instituto Nacional de Ação Social (INAS), foi recebida com inúmeros pedidos de material para aumentar o número de cursos profissionalizantes. "Estamos a encetar contatos com parceiros visando a compra de mais materiais", respondeu a dirigente.
Exploração infantil ainda existe
Enquanto algumas crianças aprendem vários ofícios, outras realizam trabalhos que não são adequados à sua idade. Há crianças em Manica que ainda são usadas em trabalhos forçosos, o que viola os seus direitos. Por desconhecimento ou receio, as crianças não agem em sua defesa e cingem-se a cumprir ordens. O trabalho infantil é punível por lei.
Falta de formação pode levar ao mundo do crime
Infelizmente, a formação promovida pelo centro não chega a todos. Há crianças de rua em Manica que, para além de mendigar, por vezes seguem o caminho do crime. Algumas praticam pequenos furtos, outras são enganadas por bandidos perigosos e levadas a assaltar residências. O Governo prometeu acabar com este cenário, mas é um processo lento.
Crianças de rua
Os rapazes desta imagem dizem não sair da rua. Alguns têm famílias mas preferem viver naquelas condições. Dormem em passeios, cobertos com caixas, sacos e cobertores apanhados em lixeiras. Dizem ter fugido de casa porque a comida não chegava para todos ou por vingança aos pais. De dia, fazem biscates, como lavar viaturas, para ganhar dinheiro para se alimentarem.