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CEDEAO teme "desintegração" da região

tms | com agências
7 de julho de 2024

Comunidade Económica de Estados da África Ocidental está preocupada com a "desintegração" e a situação de segurança da região após a saída do Burkina Faso, Níger e Mali. Organização vai impor vistos aos três países.

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Foto: FRANCIS KOKOROKO/REUTERS

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) afirmou neste domingo (07.07) que a região corre o risco de se desintegrar e de agravar a insegurança, depois de o Burkina Faso, o Mali e o Níger, liderados por juntas militares, terem deixado claras as suas intenções de abandonar o bloco ao assinarem um tratado de confederação.

Em reação ao movimento dos três países, a CEDEAO anunciou hoje a imposição da obrigação de visto aos cidadãos dos três países – mas não avançou quando a medida começaria a valer. 

O tratado da chamada Aliança dos Estados do Sahel (AES), assinado no sábado (06.07) durante uma cimeira no Níger, sublinhou a determinação dos três países em virar as costas aos 15 membros da CEDEAO, que os tem instado a regressar ao regime democrático.

Os signatários da confederação - o general nigerino Abdourahmane Tiani, o capitão burquinabé Ibrahim Traoré e o coronel maliano Assimi Goita - anunciaram, após a cimeira em Niamey, a sua decisão de "avançar para uma maior integração entre os Estados membros da Aliança dos Estados do Sahel" com o objetivo principal de facilitar a "livre circulação de pessoas, bens e serviços", bem como reforçar a cooperação militar, a possível criação dum banco central e duma moeda regional.

Chefes militares do Mali (esq.), Níger e Burkina Faso (dir.) criaram a Aliança dos Estados do Sahel
Chefes militares do Mali (esq.), Níger e Burkina Faso (dir.) criaram a Aliança dos Estados do SahelFoto: Francis Kokoroko/REUTERS; ORTN - Télé Sahel/AFP/Getty; Mikhail Metzel/TASS/picture alliance

CEDEAO expõe prejuízos da "desintegração"

Numa cimeira em Abuja, na Nigéria, o presidente da Comissão Executiva da CEDEAO, Omar Touray, afirmou que a liberdade de circulação e um mercado comum de 400 milhões de pessoas são alguns dos principais benefícios do bloco com quase 50 anos de existência, mas que estes estão ameaçados se os três países, de facto, saírem.

O financiamento de projetos económicos no valor de mais de 500 milhões de dólares no Burkina Faso, no Mali e no Níger poderia também ser interrompido ou suspenso, disse Touray.

"Tendo em conta estes benefícios, é evidente que a desintegração não só irá perturbar a liberdade de circulação e de estabelecimento das pessoas, como também irá agravar a insegurança na região", afirmou.

UE: Saída de países da CEDEAO dificulta cooperação no Sahel

Segurança da região

A retirada dos três países será um duro golpe para a cooperação em matéria de segurança, nomeadamente em termos de partilha de informações e de participação na luta contra o terrorismo, acrescentou Touray.

Os líderes da CEDEAO reuniram-se na cimeira para discutir as implicações do tratado da Aliança dos Estados do Sahel, cujas juntas assumiram o controlo numa série de golpes de Estado nos três Estados entre 2020 e 2023 e cortaram os laços militares e diplomáticos com os aliados regionais e as potências ocidentais.

Será também tomada uma decisão sobre uma força regional de reserva para combater o terrorismo e uma moeda regional, disse Touray antes de iniciar uma reunião a portas fechadas.

Em janeiro, os três países que formaram a AES anunciaram que iriam sair da CEDEAO, considerando que é uma organização manipulada pela França, a antiga potência colonial com a qual já romperam e retomaram relações várias vezes.

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