Cantora angolana Titica sobe ao palco no Brasil
23 de setembro de 2017A cantora angolana Titica apresentou-se no Rock in Rio, evento de música no Rio de Janeiro, na última sexta-feira (22.09). "Para mim foi prazeroso dividir o palco com grandes músicos, com os grandes artistas do mundo. A experiência que tive, a aprendizagem, o intercâmbio entre Brasil e Angola foi maravilhoso", disse.
Ao Rock in Rio, ela trouxe o kuduro, género pelo qual ficou conhecida, e apresentou-se com a banda Baiana System, de Salvador. Juntos, gravaram a música "Capim Guiné", que tem a participação de Margareth Menezes.
Sobre o show, Titica contou que ela e o grupo brasileiro partilham de referências sonoras semelhantes. "Temos muita coisa em comum, para começar os ritmos dos nossos países são similares. Temos o semba em Angola e eles têm o samba. Poderíamos ter misturado semba e samba, mas acabamos fazendo um kuduro com o samba", contou Titica.
O vocalista do Baiana System, Russo Passapusso, explicou que descobriu o trabalho da cantora pesquisando sobre o ritmo kuduro. "Ouvi uma música de Titica chamada 'Olha o Boneco'. Depois disto ela virou minha diva. Tentei trazê-la para o Carnaval, mas não deu certo. Depois surgiu esta oportunidade de escolhermos alguém para tocar connosco no Rock in Rio e de cara pensámos nela", destacou.
Primeira cantora transexual de Angola
Titica é reconhecida como a primeira cantora transexual — assumiu a transexualidade aos 17 anos — a fazer sucesso em Angola. Declarou que o público brasileiro se parece com o angolano, "muito acolhedor, muito carinhoso", segundo ela.
Apesar do reconhecimento e dos anos de trabalho, Titica ainda teme que sua carreira seja prejudicada por sua sexualidade. E lembra a violência e a discriminação que sofreu: "Já fui apedrejada e agredida por causa da minha opção sexual em Angola. Os mesmos que fizeram isto acabaram ficando meus fãs", conclui.