Candidatura presidencial de Bemba rejeitada na RDC
25 de agosto de 2018O anúncio foi feito esta noite, quando a comissão anunciou os candidatos elegíveis para a votação, marcada para 23 de dezembro.
Depois de quase dois anos de especulação e agitação, o Presidente Joseph Kabila não se candidatou, mas escolheu um candidato para uma coalizão recém-formada e a oposição se preocupa que ele continue a afirmar sua influência.
Bemba tornou-se candidato presidencial depois que, em junho passado, juízes do Tribunal Penal Internacional (TPI) o absolveram de crimes de guerra cometidos por seu Movimento para a Libertação do Congo (MLC), na vizinha República Centro-Africana, em 2002 e 2003.
Ele retornou ao Congo no início deste mês, depois de mais de uma década, e se registou como candidato.
A Comissão Eleitoral da RDC, no entanto, apontou que outro caso está pendente no TPI em que Bemba foi condenado por interferir com testemunhas, chamando isso de sinônimo de corrupção, paa negar-lhe a candidatura.
A lei congolesa impede que as pessoas condenadas por corrupção corram à presidência.
Processo turbulento
Bemba não fez nenhuma declaração imediata, mas a secretária-geral de seu partido MLC, Eve Bazaiba, disse nas mídias sociais que o medo da candidatura de Bemba candidatura "fez Kabila tremer ao ponto de usar a Comissão Eleitoral para impedí-lo".
Bemba pode recorrer da decisão e a lista final de candidatos é esperada para 19 de setembro. Cinco outros candidatos foram rejeitados, incluindo três ex-primeiros-ministros.
Antes do anúncio, os candidatos da oposição emitiram uma declaração exortando Kabila e seus partidários a "liberarem o processo eleitoral e parar de dar ordens" à Comissão Eleitoral.
As autoridades congolesas recentemente impediram outro dos principais opositores, Moise Katumbi, de entrar no país para se registrar como candidato.
"Essas invalidações são inaceitáveis", disse Katumbi este sábado no Twitter.
Seis principais partidos da oposição, incluindo os de Bemba e de Katumbi, e o maior deles, de Felix Tshisekedi, declararam recentemente estar em conversações sobre a apresentação de um candidato conjunto.
A oposição é contra o candidato escolhido por Kabila, o ex-ministro do Interior Emmanuel Ramazani Shadary. Ele figura entre os nove congoleses sancionados pela União Europeia no ano passado, por obstruir o processo eleitoral e violações dos direitos humanos.
O afastamento de Kabila abriu o caminho para o que poderia ser a primeira transferência de poder pacífica e democrática em uma das mais nações turbulentas de África.
Os Estados Unidos estavam entre os países que elogiaram a decisão de Kabila de afastar-se do poder, mas alertaram que a Comissão Eleitoral da RDC deve "tomar todos os passos necessários "para garantir uma votação livre e justa.
O Governo do Congo justificou o atraso nas eleições devido às dificuldades de organizar uma votação no vasto país.