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Cabinda: Campanha a favor de libertação de jovens ativistas

António Cascais
22 de abril de 2020

A organização "Friends Of Angola" (FoA) está a promover uma campanha virtual a exigir "liberdade incondicional" para todos os presos políticos, incluindo oito ativistas detidos em Cabinda desde dezembro de 2019. 

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Angola Kathedrale von Cabinda
Foto: DW/N. Sul D'Angola

Rafael Morais, ativista dos direitos humanos e diretor da "Friends Of Angola" (FoA) em Angola, em entrevista à DW África conta que os habitantes de Cabinda "estão desesperados devido às constantes detenções arbitrárias, que têm acontecido naquele território, na sequência de manifestações legítimas".

Rafael Morais, Friends of Angola
Rafael Morais, diretor da "Friends of Angola"Foto: privat

Recorde-se que no dia 10 de dezembro de 2019 a polícia deteve 8 jovens ativistas, membros da organização cívica Movimento Independentista de Cabinda (MIC) e o tribunal de Cabinda prepara-se para notificar cerca de 60 outras pessoas que tinham participado numa manifestação por melhores condições de vida e a favor de um referendo sobre a independência do território. 

Jovens contra a "colonização angolana"

As detenções aconteceram quando os jovens ativistas se mobilizavam para realizar um conjunto de manifestações pacíficas a favor da "autodeterminação de Cabinda" e da realização de um "referendo sobre a independência", assim como contra a "colonização angolana", posicões que as autoridades consideraram "subversivas" por, segundo elas, atentarem contra a "unidade nacional".

Atualmente, os 8 ativistas encontram-se em liberdade, sob termo de identidade e residência, depois de terem sido libertados no dia 8 de abril, quatro meses depois da sua detenção.

"Os oito jovens acusados em Cabinda constituem apenas o pico de um enorme iceberg", afirma Rafael Morais e acrescenta: "Em Angola há muitas pessoas presas sem processos justos, como é o caso do líder da igreja 'A Luz do Mundo', José Kalupeteka, condenado a 28 anos de prisão, na sequência de um processo cheio de instransparência e erros de justiça."

Logo Friends of Angola FoA
A "Friends of Angola" é uma organização internacional não-governamental fundada nos Estados Unidos

Jovens angolanos "dão a cara" na internet

"Temos 25 vídeos de cidadãos angolanos que dão a cara na internet para apoiarem a nossa campanha. Cada dia aparecem novas pessoas que querem aderir e também dar entrevistas", conta Rafael Morais. "Tudo está a ser publicado na página de internet e também no Facebook da nossa organização", afirma ainda o diretor da FoA, em Luanda, avisando que "a adesão dos internautas tem sido enorme", sobretudo depois da publicação de uma carta aberta ao Presidente angolano, em que a organização exige uma solução para Cabinda "através do diálogo".

A situação em Cabinda alterou com a subida de João Lourenço ao poder? Rafael Morais responde: "Não há diferença. O que aconteceu com o Governo angolano foi apenas uma mudança de motorista, mas o camião e a mercadoria são os mesmos."

O Governo angolano prometera repetidamente travar a crise económica e social em Cabinda", uma província que contribui com 70% da sua receita para o Orçamento Geral do Estado angolano. "Mas nada: os ativistas em Cabinda lutam todos dias, pressionando o Executivo para que cumpra as promessas feitas. Os jovens ativistas há muito tempo que exigem empregos, educação e saúde. Uma vez negadas essas reivindicações, eles passaram a exigir autodeterminação, ou seja, a independência de Cabinda", conclui Rafael Morais.

Karte Angola mit den 18 Provinzen Portugiesisch
Cabinda; a "18.a província" de Angola

"Diálogo em vez de repressão"

"A Friends of Angola entende que o problema da província de Cabinda é político e não será com prisões e intimidações que o problema será resolvido, a solução de Cabinda passa pelo diálogo", afirma Florindo Chivucute, académico angolano residente nos Estados Unidos, fundador da organização não-governamental que começou em 2014 "como um grupo de estudantes" e que, segundo Chivucute, irá continuar a "lutar por uma Angola mais transparente e mais democrática".  

Segundo refere ainda Chivucute, "as constantes intimidações dos jovens em Cabinda por parte das autoridades revelam um falta de capacidade do governo angolano de gerir a província". A sociedade civil angolana, incluindo organizações como a "Friends of Angola", estariam abertas para equilibrar e ajudar a encontrar soluções pacíficas para o problema.

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