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Vacinação contra a cólera arranca no centro de Moçambique

Maria João Pinto | com agências
3 de abril de 2019

Programa prevê abranger 884 mil pessoas com uma vacina oral que tem uma eficácia superior a 80%, segundo o Governo. Objetivo é travar propagação da doença na sequência do ciclone Idai. Autoridades estão confiantes.

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Mosambik Beira | Impfkampagne gegen Cholera nach Überschwemmungen
Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Mukwazhi

Quase 900 mil doses da vacina contra a cólera começaram a ser distribuídas esta quarta-feira (03.04) às populações da província de Sofala, no centro de Moçambique, afetadas pelo ciclone Idai. As vacinas foram reunidas pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Duas pessoas - uma na Beira e outra no Dondo - morreram desde domingo devido à cólera, que, segundo as autoridades moçambicanas, afeta 1.741 pessoas, a maioria na Beira.

A distribuição das vacinas arranca na cidade da Beira e em distritos estratégicos onde se prevê que haja maior número de ocorrências, como Buzi, Dondo, Nhamatanda e Mutua, um processo sob gestão do Ministério da Saúde.

São 350 equipas, mais de mil e 900 profissionais no terreno - uma campanha de "dimensão assinalável", segundo o director-geral do Instituto Nacional de Saúde de Moçambique, Ilesh Jani: "Tive a oportunidade de passar por alguns dos nossos postos fixos, centros de saúde na cidade da Beira, e a afluência da população é muito grande - o que seria mais ou menos de esperar, porque a Beira é o local onde temos mais casos de cólera e, portanto, a população está sensibilizada para a prevenção. Um dos centros tinha começado a vacinar às 12h e às 16h já tinha vacinado mil e 200 pessoas".

Mosambik Beira | Impfkampagne gegen Cholera nach Überschwemmungen | Daviz Simango, Bürgermeister
Daviz Simango, edil da Beira foi uma das pessoas que recebeu a vacina oral no primeiro dia da campanha.Foto: picture-alliance/AP Photo/T. Mukwazhi

A cólera é uma doença que provoca fortes diarreias e que pode provocar a morte por desidratação se não for prontamente combatida. É causada, em grande parte, pela ingestão de alimentos e água contaminados. 

Após a passagem do ciclone, o número de casos tem crescido de dia para dia, mas as organizações de saúde moçambicanas e internacionais têm conseguido curar 94% das ocorrências. 

"Provavelmente, durante as próximas duas semanas, vamos continuar a ver casos de cólera nas zonas afetadas até que as vacinas comecem a fazer efeito e que as medidas de saúde pública tenham a abrangência suficiente. A nossa esperança é que esta combinação de medidas vai evitar uma epidemia de grandes proporções nos locais onde já temos a cólera mas também que ajude a bloquear o avanço para locais onde ainda não temos cólera", sublinha Ilesh Jani.

Autoridades otimistas

A vacinação é considerada fundamental para travar uma epidemia, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Christian Lindmeier, porta-voz da organização, está confiante no sucesso da campanha: "Nos próximos seis dias, chegaremos às 900 mil pessoas nos quatro distritos. Começámos hoje, com mais de 500 mil pessoas na Beira. Estamos confiantes de que iremos atingir o objetivo".

Vacinação contra a cólera arranca no centro de Moçambique

Ainda assim, lembra o responsável, aproximam-se desafios: "No início, será fácil chegar a toda a gente, mas depois temos de encontrar aquelas pessoas que têm dificuldades de acesso, talvez em aldeias remotas, que não conseguem vir aos centros de imunização. Temos de sair para as procurar".

Além dos centros de saúde e de acomodação das vítimas do ciclone, unidades móveis vão escalar pontos estratégicos com maior concentração de pessoas, como mercados, escolas e quartéis para a realização das vacinas. Noutras campanhas realizadas no país nos últimos três anos com a mesma vacina ficou "demonstrado" que "protege mais de 80% das pessoas" que a tomam, segundo Ilesh Jani. 

Sensibilização e tratamento das águas

A vacina cria imunidade aproximadamente uma semana após ter sido tomada e bloqueia ainda a transmissão ao nível do trato gastrointestinal.

Ao mesmo tempo, decorrem campanhas de mobilização social ao nível das comunidades e, além da vacinação, as equipas no terreno, no centro de Moçambique, estão a investigar a qualidade das fontes de água nas comunidades. A água contaminada é um dos principais veículos de transmissão de cólera.

As fontes onde for detectada cólera serão vedadas e deverão ser fornecidas alternativas à população. Há igualmente equipas a trabalhar no restabelecimento de sistemas de tratamento de água e na distribuição de produtos de purificação

"Primeiro, é preciso providenciar água potável e estamos a trabalhar nisso desde o segundo dia. O segundo ponto, claro, é a vacina. A terceira questão é o tratamento das pessoas com cólera, especialmente as crianças. Tudo isto requer a mobilização das comunidades – têm de estar cientes do que é a cólera, têm de se proteger da cólera e têm de procurar o tratamento quando a doença é identificada", sublinha Jean Benoit Manhed, líder da equipa de resposta de emergência da UNICEF.

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