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Campanha "Selfie-Lixo" para acabar com o lixo das ruas

Manuel Ribeiro / Lusa4 de setembro de 2015

"SELFIE-LIXO" é uma campanha no Facebook que visa denunciar o estado precário em que se encontra o saneamento básico em Luanda. Cerca de 1.500 toneladas de resíduos sólidos ficam por recolher todos os meses na cidade.

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Orlando Sérgio, um dos participantes da campanha no bairro da Vila AliceFoto: Privat

A capital angolana Luanda está cada vez mais suja. Cerca de 1.500 toneladas de resíduos sólidos ficam por recolher todos os meses na cidade. O lixo espalhado pelas ruas não está a ser recolhido tornando a cidade numa lixeira gigante sob o risco de propagação de doenças respiratórias e contaminação da água.

Por este motivo, um grupo de cidadãos decidiu criar uma campanha no Facebook pedindo aos residentes de Luanda que tirem uma fotografia com o lixo das ruas como pano de fundo – a conhecida "selfie".

O estudante de economia Magno Domingos, um dos organizadores da iniciativa, diz que “criaram esta campanha de forma a chamar a atenção do Governo para ver que a situação é grave e que já não dá para esconder. Há estradas que estão encerradas por causa do lixo e onde já não se pode transitar. Alguém tirou uma foto do lixo para mostrar a lixeira. Eu fiz uma "selfie" a que lhe chamei “meu querido lixo” e aí as pessoas juntaram-se à ideia.”

A plataforma escolhida pelos organizadores foi o Facebook mas há vontade de expandir para outras redes sociais, “fizemos as primeiras imagens e as pessoas foram seguindo a ideia. Vão ao lixo fazem uma foto e publicam-na nas suas páginas pessoais. Em seguida, vão às paginas que criamos onde republicam as "selfies". Nesta altura é só no Facebook, pretendemos conectar com o Twitter."

Entretanto alguns utlizadores já publicaram as selfies no Twitter.

Situação pode agravar-se com a época das chuvas

A situação tem de ser resolvida sobretudo antes que chegue a época da chuva. Receia-se o surgimento de várias epidemias, alerta o estudante ao explicar que “em Angola quase não chove entre maio e outubro. Ainda há tempo para a limpeza. Se isso não se fizer o que vai acontecer, na época da chuva, é o surgimento de doenças como o paludismo, que assola Angola há muito tempo. Com certeza haverá surtos de cólera, sarampo, a poliomielite e outras doenças. O que estamos a prever é isso acontecer se não for removido o lixo das ruas. Vamos acabar o ano com várias epidemias. E este problema não é só em Luanda. Outras cidades estão com a mesma situação quanto à recolha de lixo,” declara o estudante de economia.

Domingos acredita que “a questão do lixo deve ser atacada pelos dois lados, tanto pelo Estado como pela população. O Estado tem a incumbência de educar a população. Não podemos dizer que a culpa é toda do Estado mas é o Estado que tem que limpar e recolher o lixo da rua. Mas também existe falta de educação das pessoas. Há muita gente que não trata o lixo como deve ser. As pessoas agridem o ambiente de várias formas. O Estado tem feito muita coisa em relação a isso. Existem organizações que tentam com campanhas sensibilizar a população”.

Novo modelo, aprovado em agosto, não está a resultar

A principal razão porque não se tem recolhido o lixo nos últimos tempos deve-se ao facto do baixo orçamento atribuído ao Governo Provincial de Luanda no novo modelo de limpeza da cidade aprovado em agosto.

Este novo modelo de financiamento levou as várias empresas a desistirem da sua atividade e retirarem das ruas os meios onde se podia depositar o lixo.

De acordo com a agencia Lusa, “as empresas queixam-se que os valores agora fixados não cobrem as despesas operacionais e os salários dos seus funcionários”.

José Patrocínio da organização OMUNGA opina que “não existe pagamento por parte do Estado, existem divida e valor que não estão a ser aceites pelas empresas privadas para executar esse trabalho.”

O ativista pensa que “as empresas antigas, quando se sentiram postas fora do processo, tiraram das ruas os contentores havendo menos espaços para as pessoas colocarem o lixo. O que veio agravar a situação.

Patrocínio “acredita que as empresas não estão a intervir como deviam e possivelmente tenha a ver com as relações que estão difíceis, nomeadamente no que concerne aos pagamentos. Há uma ausência do próprio Estado no papel de fiscalização e responsabilização”, declara o ativista da OMUNGA à DW África.

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Campanha Selfie - Lixo
Foto: Privat

Palestra para sensibilizar as pessoas como tratar o lixo

Os organizadores da campanha dizem que da parte deles [campanha "Selfie-lixo"] estão a tentar ajudar. “No dia 10 de setembro vamos fazer uma palestra para ensinar as pessoas como devem lidar com o lixo. Temos também algumas propostas para apresentar ao Estado” concluiu Magno Domingos.