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Camarões: Separatistas matam quatro soldados, diz Governo

Reuters | tms
11 de novembro de 2017

Ataques ocorreram esta semana e foram protagonizados por "terroristas em nome do movimento separatista", denunciou o ministro das Comunicações este sábado (11.11).

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Forças de segurança no protesto pró-independência de 1 de outubro deste anoFoto: Getty Images/AFP/Stringer

Os separatistas da região anglófona dos Camarões mataram quatro agentes forças de segurança em vários ataques nos últimos dias – uma ação sem precedentes que poderá transformar-se numa insurgência, denunciou o Governo camaronês este sábado (11.11).

O ministro das Comunicações, Issa Tchiroma, deu detalhes sobre o assassinato de dois soldados na terça e quarta-feira, e disse que outros dois ataques na noite de quinta-feira fizeram mais duas vítimas.

Na terça-feira, segundo o ministro, o alvo foi uma escola secundária na cidade de Jakiri. As forças de segurança foram chamadas para deter os atacantes, e um soldado foi morto. O ministro ressaltou também que a intenção dos separatistas é interromper as escolas que ensinam em francês.

Tchiroma disse que o soldado foi "executado", mas Cho Ayaba, um importante membro da ala política do movimento separatista, que vive fora do país, disse à Reuters que o agente de segurança foi vítima de uma troca de tiros.

Na quarta-feira, na cidade de Bamenda, outro ataque deixou um soldado morto, informou o ministro. Ayaba relatou duas mortes de forças de segurança nesse ataque.

Na noite de quinta-feira, insurgentes mataram um soldado em Bamenda, degolando-o, disse Tchiroma, e uma agente que guardava uma ponte.

Kamerun | Unterstützer anglophoner Aktivisten aus Gefängnis entlassen
Ativistas anglófonos foram libertados em agosto após sete meses na prisão, acusados de terrorismoFoto: Reuters/Stringer

"Como disse, quatro membros das Forças de Defesa e Segurança foram mortos em serviço, assassinados por terroristas em nome do movimento separatista", afirmou o ministro.

O movimento separatista existe há décadas, mas não agia com violência até há algumas semanas. Um porta-voz do grupo reconheceu os últimos ataques, e, ao contrário do que disse o Governo, informou que cinco agentes das forças de segurança foram mortos.

Violência contra anglófonos

A repressão do Governo contra os separatistas matou dezenas de pessoas desde 1 outubro, quando os camaroneses das regiões noroeste e sudoeste do país fizeram uma declaração simbólica de independência da maioria francófona. A violência generalizada tem impulsionado o movimento separatista antes das eleições presidenciais de 2018.  

Esta repressão vem na sequência de manifestações há um ano por anglófonos na região ocidental, na fronteira com a Nigéria. Esta parcela da população acusa do Governo de marginalizar os não falantes de francês e criticam o Presidente francófono Paul Biya, que está no poder há 35 anos. No entanto, apenas uma minoria quer a separação.

A divisão de idiomas nos Camarões é um legado da Primeira Guerra Mundial, quando os Aliados dividiram a antiga colónia alemã entre os vencedores franceses e britânicos.

De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), devido à violência contra a minoria anglófona, até o final de outubro, pelo menos dois mil refugiados dos Camarões fugiram para a Nigéria e outros três mil esperavam conseguir um abrigo no país vizinho.