Paul Biya está há 35 anos no poder
6 de novembro de 2017A mobilização de pessoas para as comemorações do 35º aniversário de Paul Biya no poder começou cedo. Centenas de jovens foram recrutados nos bairros da capital Yaoundé para participar na festa, à semelhança de outros grandes eventos do Movimento Popular Democrático dos Camarões, o partido do Presidente, conta Kennedy Fonsah.
"[O partido] distribui t-shirts e 1.000 ou 2.000 francos CFA [entre um euro e meio e três euros] para comprar arroz. Dão às pessoas dinheiro e bebidas. E dão-lhes whisky para eles pensarem que são do partido", afirma o presidente do sindicato de moto-taxistas, que costuma ser incumbido de recrutar jovens.
"O Presidente Paul Biya tem o mandato do povo", refere Joachim Tabi Owono. O político camaronês já foi candidato à Presidência, mas apoia agora o chefe de Estado e pede aos outros que façam o mesmo.
Críticas a Paul Biya
"Há algumas pessoas que pedem ao Presidente Biya para sair e reivindicam a independência", diz Owono. "Mas o Presidente colonizou o país? Colonizou algumas regiões dos Camarões? Quando o Presidente Paul Biya ganha as eleições, quem perde devia calar-se e apoiá-lo. Ele devia, pelo menos, ser respeitado, porque tem o mandato do povo e as eleições são já no ano que vem".
Há meses que há manifestações contra o Governo camaronês. A minoria de língua inglesa queixa-se de discriminação num país maioritariamente francófono. Em outubro, separatistas anglófonos declararam simbolicamente a independência. Dezenas de pessoas morreram em protestos.
O maior partido da oposição, a Frente Social-Democrática, condena a repressão das manifestações pelas forças de segurança.
"Tudo isto mostra um regime fraco e à beira do colapso, que resolveu aniquilar as vidas dos cidadãos", afirma Dennis Kemlemo, porta-voz do partido: "a situação deplorável dos direitos humanos nas regiões do noroeste e do sudoeste depois da repressão brutal pelo exército e pela polícia, as mortes, as agressões, as detenções em massa, os raptos não têm precedentes no nosso país."
Os opositores pedem a Paul Biya, de 84 anos, que não se recandidate nas próximas eleições presidenciais, previstas para 2018. Mas, para já, tudo indica o contrário. Em 2008, a Constituição camaronesa foi revista para acabar com os limites dos mandatos presidenciais, o que permitiu a Biya recandidatar-se nas eleições de 2011 e vencer. Até agora, o Presidente ainda não mencionou que se iria retirar da vida política ativa.