Eleições em Cabo Verde
30 de setembro de 2016Em Cabo Verde, os eleitores escolhem domingo (02.10.) o novo Presidente da República. Dos três candidatos Jorge Fonseca é considerado o favorito. A CNE apela a participação do eleitorado depois de uma abstenção de 41,6% nas últimas legislativas.
Nesta sexta-feira (30.09.) as atenções dos três candidatos vão estar viradas para a Cidade da Praia. Jorge Carlos Fonseca e Albertino Graça vão encerrar a campanha eleitoral com grandes comícios na capital, Joaquim Jaime Monteiro vai privilegiar contatos diretos com os eleitores.
Os 16 dias de campanha eleitoral decorreram de forma ordeira e cívica sem registo de qualquer incidente. Este aspeto foi realçado à DW África pelo cientista político cabo-verdiano Daniel Costa: "A campanha está a decorrer normalmente sem grandes alaridos e problemas”.
Os candidatos
Daniel Costa acredita que Jorge Carlos Fonseca é claramente o favorito nestas eleições, mas ele não está certo em relação a uma coisa: "Não sei se é suficiente para vencer logo a primeira volta. Embora o PAICV não tenha declarado oficialmente o apoio formal, a candidatura do Albertino Graça goza do apoio de vários dirigentes e militantes do Partido Africano da independência de Cabo Verde, o que pressupõe que estará a ser feito um trabalho de terreno e dependendo da forma como esse trabalho está a ser feito poderemos ter uma segunda volta ou não”.
Jorge Carlos Fonseca é o único candidato que tem o apoio declarado de um partido político, neste caso do Movimento para a Democracia (MpD), que suporta o Governo: "Sinto-me privilegiado e orgulhoso do apoio que o MpD me dá, mas tenho também o apoio do presidente da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID) e do Partido do Trabalho e Solidariedade (PTS), também conto com o apoio de muitos militantes, dirigentes e eleitores de todos os partidos. Há muita gente do PAICV que me apoia”.
Enquanto Fonseca enaltece os apoios, Albertino Graça fala das suas diferenças com Jorge Carlos Fonseca: "A diferença entre nós os dois é muito clara: Jorge Carlos Fonseca diz que é um Presidente entre as pessoas. Também eu estou entre e com as pessoas, mas a nossa candidatura é diferente porque é contra a hegemonia do poder, que quer evitar que a concentração do poder esteja apenas de um lado para que possamos ter efetivamente um equilíbrio no país”.
Joaquim Jaime Monteiro mostra-se preocupado com o salário mínimo dos cabo-verdianos, o equivalente a 100 euros: "O salário mínimo que temos é de miséria que bloqueia todo o processo de desenvolvimento. Os dois estudos que encomendei na Noruega e Suíça concluem que para Cabo Verde entrar no ritmo de desenvolvimento equilibrado o salário mínimo teria que ser de 50 contos, ou seja, cerca de 500 euros”.
Apelo da CNE a participação
Mais de 361 mil eleitores vão as urnas domingo (02.10.) no sexto sufrágio universal, livre e secreto após a abertura política em 1991. A presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Maria do Rosário Pereira informa que "o universo eleitoral já está afixado e temos 314.73 eleitores inscritos no território nacional e 47.133 eleitores inscritos na diáspora”.
Nas eleições autárquicas de 4 de setembro, a taxa de abstenção foi de 41,6 por cento. Agora para as presidenciais a CNE procura reduzir essa taxa: "Apelamos aos eleitores que não fiquem em casa, que se dirijam às urnas para escolherem o mais alto magistrado da Nação”.
Mais de 80 observadores estrangeiros vão acompanhar estas eleições. A missão de observação eleitoral da União Africana é chefiada por Serifo Nhamadjo, antigo Presidente de transição da Guiné-Bissau.
Para ele "Cabo Verde é um país modelo no contexto africano, tem feito as eleições de uma forma muito pacífica e ao longo dos anos têm sido sempre justas e transparentes. Acredito que estas eleições serão o confirmar do que já vem sendo feito. Cabo Verde é um exemplo em África da consolidação da democracia”.
Além da União Africana, as presidenciais cabo-verdianas de domingo serão acompanhadas por 50 observadores da CEDEAO, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental, pelo presidente da Comissão Nacional de Eleições de Portugal, e pelos representantes da CNE de São Tomé e Príncipe, Angola e Guiné-Bissau.
Desde a independência de Cabo Verde em 1975 o arquipélago já teve quatro Chefes de Estado: Aristides Maria Pereira (1975-1991), António Mascarenhas Monteiro (1991-2001), Pedro Pires (2001-2011) e Jorge Carlos Fonseca (2011-2016).