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Cabo Verde declara guerra aos sacos de plástico

31 de janeiro de 2012

“Cabo Verde sem Plástico” é o título da campanha lançada nas ilhas da Praia e do Sal. A ideia é reduzir consideravelmente a poluição causada pelos sacos de plástico que poluem os mares e prejudicam várias espécies.

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A Associação para a Defesa do Ambiente e Desenvolvimento quer que os sacos de plástico deixem de ser distribuídos
A Associação para a Defesa do Ambiente e Desenvolvimento quer que os sacos de plástico deixem de ser distribuídosFoto: picture-alliance/dpa

Lançada pela Associação para a Defesa do Ambiente e Desenvolvimento (ADAD), em parceria com as câmaras municipais da Praia e do Sal, a iniciativa pretende encontrar uma solução para substituir os sacos de plástico e fazer com que estes deixem de ser distribuídos. “O objetivo principal é conseguir, logo no primeiro ano, uma diminuição de 70% a 80% dos sacos que se encontram espalhados pela natureza”, explica o presidente da ADAD, Januário Nascimento.

Além de degradarem a paisagem, os sacos plásticos utilizados produzem materiais tóxicos prejudiciais à saúde. E também têm um impacto muito negativo em várias espécies, não apenas nas tartarugas marinhas, “uma das espécies que se está a tornar emblemática aqui em Cabo Verde”, como lembra o diretor geral do Ambiente, Moisés Borges, mas também em espécies como golfinhos e baleias que confundem os sacos de plástico com alimentos.

Os sacos de plásticos têm um impacto negativo nas tartarugas marinhas
Os sacos de plásticos têm um impacto negativo nas tartarugas marinhasFoto: DW

Sacos “amigos do ambiente” são alternativa

Para esta primeira campanha de sensibilização foram disponibilizados 70 mil dólares (cerca de 53 mil euros). A ideia é substituir o plástico por tecidos reutilizáveis ou por sacos de papel, materiais que se degradam com mais facilidade do que o plástico, que leva 400 anos a decompor-se.

“Estima-se que anualmente são utilizados entre 500 mil milhões e um milhão de milhões de sacos de plástico a nível mundial”, sublinha a representante do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde, Petra Lantz, que apela a uma maior sensibilização na diminuição do uso de sacos de plástico.

“Já não há justificação para a produção de sacos de plástico”, diz Petra Lantz, que considera “encorajador” que em mais de um quarto dos países do mundo já exista legislação que restringe o uso de sacos de plástico.

Supermercados de todo o mundo deixaram já de distribuir gratuitamente sacos de plástico aos seus clientes. A medida chegou na semana passada aos supermercados do Estado de São Paulo, no Brasil, onde os tradicionais sacos de plástico foram substituídos por sacos biodegradáveis e por caixas de cartão.

O plástico leva 400 anos a decompor-se
O plástico leva 400 anos a decompor-seFoto: Fotolia/pandore

Projeto terá segunda fase

Nesta primeira fase, o projeto abrange apenas os concelhos da Praia e Sal, embora esteja já prevista uma segunda fase que ainda não tem financiamento. Um dos objetivos é adquirir uma máquina que será instalada numa pequena fábrica onde será tratado o plástico recolhido durante a campanha, devendo o orçamento rondar os 300 mil dólares (cerca de 228 mil euros).

Nesta segunda fase também se vai punir os infratores, avisa desde já o diretor geral do Ambiente. “Vamos trabalhar de uma forma realista e progressiva e conseguir, aos poucos, sensibilizar a população e os importadores”, espera Moisés Borges.

O presidente da Câmara Municipal do Sal, Jorge Figueiredo, espera que a campanha também ajude a criar outras oportunidades de negócio. “A substituição do plástico por outro tipo de sacos para transportar os produtos permitirá que também o artesanato, a costura e os bordados se implementem e se desenvolvam nas ilhas”, defende .

Autor: Nélio dos Santos (Cidade da Praia)
Edição: Madalena Sampaio/António Rocha