1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Cabo Verde contra saída do TPI, Angola por tribunal africano

1 de fevereiro de 2017

Presidente cabo-verdiano pede sugestões para melhorar funcionamento do Tribunal Penal Internacional. Chefe da diplomacia angolana diz que Tribunal de Justiça dos Povos Africanos poderá resolver diferendos no continente.

https://p.dw.com/p/2WowB
Äthiopien, Präsident von Kap Verde Jorge Carlos Fonseca
Jorge Carlos Fonseca, Presidente de Cabo Verde, na Cimeira da UAFoto: Regierung von Kap Verde

A resposta de Cabo Verde ao apelo deixado em Adis Abeba é clara: "Não estamos de acordo com a decisão de um apelo ao abandono coletivo dos Estados africanos do Tribunal Penal Internacional (TPI). Somos um Estado de direito democrático. Pugnamos pela justiça internacional, nomeadamente a justiça penal”, afirma o Presidente de Cabo Verde Jorge Carlos Fonseca, em declarações à Rádio Cabo Verde (RCV).

A proposta foi aprovada no final da 28ª cimeira da União Africana e reflete o descontentamento com o Tribunal Penal Internacional, frequentemente acusado de perseguir africanos.

"Pode haver divergências, críticas e reservas quanto ao melhor funcionamento deste tribunal. Nós dissemos que a melhor maneira de contrariar isso é lutar, propor e sugerir melhorias para que o Tribunal Penal Internacional seja um tribunal isento, ao serviço da comunidade internacional e que se guie por princípios de equidade e justiça”, afirmou o Presidente cabo-verdiano.

Angola quer tribunal africano

Südafrika Johannesburg Forum Focac Georges Chikoti
Georges Chikoti, chefe da diplomacia angolanaFoto: DW/M. Maluleque

O chefe da diplomacia angolana, Georges Chikoti, argumenta que o futuro Tribunal de Justiça dos Povos Africanos permitirá resolver diferendos no continente. À chegada a Luanda, Chikoti afirmou que o TPI, do qual Angola não faz parte, "não corresponde aos interesses dos países, particularmente para os africanos, que têm sido, no geral, vítimas deste tribunal”.

"Os africanos têm agora o Tribunal de Justiça dos Povos Africanos que, depois de ser aprovado agora, pode ser ele a resolver alguns diferendos no continente africano. A ideia é que devemos dar poder às instituições de Justiça que o continente africano tem", defende o chefe da diplomacia que esteve na cimeira, na Etiópia.

Decisão sem consenso

A decisão tomada na cimeira da União Africana não é vinculativa. Para Allan Ngari, do Instituto para Estudos de Segurança (ISS), na África do Sul, esta é uma decisão "sem precedentes”, dado que é "um órgão regional a decidir sair de uma instituição internacional”. De acordo com Ngari a União Africana "não é signatária do Tratado de Roma”.Em África a decisão é encarada por alguns como polémica. Foi o que deixou entender aos microfones da DW, Nicolas Tiangaye, ex-primeiro-ministro da República Centro-Africana, admitindo ser "contra” a medida.

Cabo Verde contra o abandono coletivo do TPI.

"Cada país aderiu ao TPI. Não foi uma adesão coletiva. Por que agora deverá ocorrer uma saída coletiva? O TPI deve continuar o seu trabalho tendo em conta que existem ainda vítimas centro-africanas que esperam justiça pelos males cometidos no país. Há vítimas de guerra e de crimes contra a humanidade cometidos na República Centro-Africana. Sou contra”.

O TPI foi criado em 2002 para julgar as piores atrocidades, que não podem ser tratadas pelos tribunais nacionais. Dos 124 membros, cerca de um terço é africano.

No ano passado, o Burundi, a África do Sul e a Gâmbia apresentaram planos para deixar o TPI. A Namíbia e o Quénia também levantaram essa possibilidade.

Saltar a secção Mais sobre este tema