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Aumenta interesse de empresários portugueses por Cabo Verde

7 de abril de 2017

Aumenta interesse de empresários portugueses por Cabo Verde. Alguns deles integram a comitiva do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, na sua primeira visita de Estado ao arquipélago cabo-verdiano.

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Erneuerbare Energien Kap Verde
Parque de energia eólica nos arredores da capital cabo-verdianaFoto: Nélio dos Santos

A crise económica, que afeta países como Angola, tem obrigado as empresas portuguesas a desafiarem novos mercados que garantem mais segurança para negócios e investimentos. Cabo Verde, segundo a Associação Industrial Portuguesa (AIP), está este ano no topo da lista dos cinco mercados prioritários de língua portuguesa, sobre o qual tem aumentado o interesse dos investidores, sobretudo de pequenas, médias e grandes empresas.

Algumas delas integram a comitiva do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, que efetua a sua primeira visita de Estado ao arquipélago cabo-verdiano, entre os dias 8 e 12 deste mês, antes de seguir para o Senegal.Apesar de haver constrangimentos, alguns dos quais por serem dez ilhas dispersas e um mercado pequeno, Cabo Verde continua a ser visto pelas empresas portuguesas como um país interessante para investir.

Portugal Marcelo Rebelo de Sousa
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente de PortugalFoto: picture alliance/dpa/M.Cruz

Muitas potencialidades

Os setores com potencialidades são vários, desde a construção civil e obras públicas, financeiro, agro-alimentar, transportes, turismo e serviços, a áreas como energias renováveis e tecnologias de informação. Porque é preciso ver para crer, António Lança, de uma empresa multifacética (a TRONICOM), viajou esta sexta-feira (07.04) para o arquipélago numa missão de prospeção do mercado local. "Acima de tudo, perceber com a nova governação como é que as coisas estão neste momento a funcionar. Se vai haver agora um apoio também de Portugal em termos de orçamento para alguns projetos, e olhar para as oportunidades na área das energias renováveis concretamente no solar fotovoltaico dadas as carências que o país ainda tem do ponto de vista energético. Esse será o principal foco", afirma Lança, em entrevista à DW.

Atuando em três áreas de negócio, a TRONICOM apostou há cerca de quatro anos nas energias renováveis, com particular incidência para o solar fotovoltaico. A primeira tentativa para entrar no mercado africano, precisamente a partir de Cabo Verde, não resultou. Agora, apesar da crise económica, António Lança volta mais convicto, fazendo parte dos empresários que, a título individual ou em grupo, procuram oportunidades nas ilhas cabo-verdianas.

Kap Verde - Solarkollektoren in Cidade da Praia
Produção de energia solar (ilha de S.Tiago - Cabo Verde)Foto: DW/D. Almeida

93% de empresas portuguesa interessadas 

De acordo com um inquérito efetuado pela Associação Industrial portuguesa, 93 por cento de empresas dizem que querem avançar para novos mercados, um dos quais é precisamente Cabo Verde.

 O país democrático tem boa governação e está a fazer um grande esforço para captar e proteger o investimento externo; possui recursos humanos qualificados, oferece segurança e bom ambiente para negócios, além de boa localização geográfica, entre a Europa e a parte continental de África.

Fonte diplomática adiantou à DW que outra vantagem de Cabo Verde é a sua relação privilegiada com a União Europeia e o facto do país beneficiar dos mecanismos de facilidade de exportação para os Estados Unidos de América (AGOA).

O Fundo Monetário Internacional (FMI) perspetiva para 2017 um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na ordem dos 3,7 por cento. No entanto, a dívida pública cabo-verdiana deverá rondar, este ano, os 128,6 por cento.

Porta de entrada para o mercado da CEDEAO

Pelas potencialidades que apresenta, o arquipélago é assim eleito um dos nove mercados onde a Associação Industrial Portuguesa atua este ano, como nos confirma Filomena Pires, diretora de Internacionalização.

"Não obstante a situação que se vive, Cabo Verde é um mercado que se tem mantido de alguma forma na rota do interesse das empresas portuguesas, não apenas por si próprio, mas pela plataforma que também representa. Ou seja, pela oportunidade das empresas portuguesas indo para lá diretamente, ou indo para lá através da exportação, ou indo para lá e produzindo para outros mercados a que Cabo Verde, neste momento, tem acesso e que pode ser uma plataforma interessante para chegar a milhões de outros consumidores, não ficando apenas pelo mercado regional".Filomena Pires falou com a DW à margem de um workshop para empresários, esta quinta-feira (06.04), a anteceder a primeira visita oficial a Cabo Verde do chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa. O reforço da cooperação nos domínios económicos e na área da defesa fazem parte da agenda de conversações entre o presidente português e o seu anfitrião cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca.

Jorge Fonseca und Marcelo Rebelo de Sousa
Presidentes de Cabo Verde (esq.) e de Portugal: Jorge Carlos Fonseca e Marcelo Rebelo de Sousa (2016)Foto: DW/J. Carlos

Entre 21 e 28 de maio, a AIP realiza uma missão empresarial com o objetivo de reforçar o interesse das empresas portuguesas pelo país, que serve de porta de entrada para o mercado da África Ocidental (CEDEAO), constituído por 15 países e cerca de 300 milhões de consumidores.

Presidente português começa no vulcão do Fogo visita a Cabo Verde

Koproduktion Kap Verde Fogo
Vulcão do FogoFoto: DW/Renate Krieger

Marcelo Rebelo de Sousa começará pela ilha do Fogo, com uma subida à encosta do vulcão,  a visita de Estado a Cabo Verde. Em seguida, deslocar-se-á à ilha de Santiago, onde decorrerão os encontros de caráter institucional, na capital, Praia, e à ilha de São Vicente, a segunda mais populosa do país.

Depois de Cabo Verde, o Presidente português visita, entre quarta e quinta-feira (12/13.04), o Senegal, um país que tem com Portugal relações seculares, que datam do tempo dos Descobrimentos e do período colonial, mas as trocas comerciais são reduzidas atualmente.

Comércio bilateral com Senegal

Em termos de comércio bilateral, no ano passado o Senegal foi o 62.º cliente de Portugal, com uma quota de 0,07% das exportações portuguesas, e o 75.º fornecedor, com uma quota de 0,04%, de acordo com dados da Agência para o Investimento e o Comércio Externo de Portugal (AICEP).

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), os principais grupos de exportação para o Senegal em 2016 foram os metais comuns, produtos minerais, produtos das indústrias alimentares e máquinas e aparelhos, enquanto as importações foram maioritariamente de produtos animais.Independente desde 1960, o Senegal é um exemplo de estabilidade política em África e apontado como um caso de sucesso em termos de democratização.

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Estatuto de observador na CPLP

É um dos 15 países-membros da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) - que Cabo Verde e a Guiné-Bissau também integram - e um dos oito países que integram a UEMOA (União Económica e Monetária do Oeste Africano), da qual igualmente faz parte a Guiné-Bissau.

Situado na ponta mais ocidental do continente africano, o Senegal faz fronteira com a Guiné-Bissau e tem relações próximas com Cabo Verde, que fica a cerca de 600 quilómetros de distância. O Senegal aproxima-se de Portugal também pela língua, sendo o país da África não lusófona com o maior número de estudantes de português, e com estatuto de observador da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

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