Cabo Verde, com 40 anos, é uma democracia madura
6 de julho de 2015O dia 5 de Julho de 2015 começou bem cedo com a deposição de uma coroa de flores pelo Presidente Jorge Carlos Fonseca, no memorial Amílcar Cabral, o "pai das nacionalidades guineense e cabo-verdiana". Nas palavras do presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, tratou-se de "um gesto de reconhecimento e gratidão àqueles que, em primeira linha, lutaram pela independência".
Ao discursar na sessão solene comemorativa dos 40 anos da Independência Nacional, o Presidente Jorge Carlos Fonseca chamou atenção para as desigualdades na distribuição da riqueza; um problema que requer uma ação firme dos poderes públicos, para evitar que se transforme num fator de perturbação e de clivagem social.
Maior desafio: combate ao desemprego e à criminalidade
Para o Chefe de Estado, o desemprego que atinge uma franja significativa da força laboral, com destaque para os jovens, a criminalidade e a violência estão a corroer a paz social e a condicionar fortemente a liberdade das pessoas.
O chefe de Estado destacou ainda outros "problemas prementes", como o tráfico e consumo de drogas, incluindo o álcool, e a descrença nas instituições, "problemas que merecem ser cuidadosamente analisados".
Jorge Carlos Fonseca defendeu que Cabo Verde tem de dar continuidade e aprofundar as reformas já iniciadas: "Temos que reagir às mudanças que ocorrem a uma velocidade estonteante na economia internacional e no desenvolvimento tecnológico", salientou Jorge Carlos Fonseca, admitindo que "muito e bom trabalho já foi feito, mas os resultados continuam àquem das expetativas e das necessidades".
Cabo Verde: exemplo para África
Cabo Verde, país considerado exemplo de democracia, transparência e boa governação em África, proclamou a independência no dia 5 de Julho de 1975, no mítico Estádio da Várzea, na Cidade da Praia.
O texto da proclamação da República de Cabo Verde foi lido por Abílio Duarte, primeiro presidente da Assembleia Nacional Popular, que foi constituída no dia 4 de Julho de 1975 por 56 deputados.
A DW falou também com o militar Roberto Fernandes, o homem que no dia 5 de Julho de 1975 içou, pela primeira vez, a bandeira nacional. 40 anos depois Roberto Fernandes disse:"Foi uma enorme honra ter sido escolhido para içar a primeira bandeira de Cabo Verde. Por isso me sinto orgulhoso e de certa forma privilegiado".
Convidados de honra de Portugal e de Angola
Vários países enviaram delegações para as celebrações dos 40 anos de independência de Cabo Verde: Angola enviou o vice-chefe do Estado-Maior General para as Infra-Estruturas e Logística, general Geraldo Abreu. Nas celebrações também estiveram alguns militares angolanos que participaram numa parada militar.
A China esteve representada pela vice-ministra da Saúde e Planeamento e Portugal pelo Primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que salientou o facto de Cabo Verde ser "um caso ímpar de sucesso em África". O chefe do governo de Portugal disse, nomeadamente: "Olhamos para Cabo Verde e vemos hoje um país com um rendimento médio acima da média e com uma democracia enraizada e estabilizada.
A visita de Pedro Passos Coelho permitiu também lançar as bases da cooperação Cabo Verde - Portugal para o triénio 2016-2019: "Vamos reforçar a cooperação em áreas importantes como a saúde, a educação e a justiça e alargá-la à componente institucional, nomeadamente ao combate ao terrorismo e ao narcotráfico."