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Momade apela ao Governo para pedir ajuda internacional

Lusa
6 de abril de 2021

Líder da RENAMO censurou o PR por ter dito que o ataque em Palma "não foi o maior que tantos outros" e apelou ao Governo para pedir apoio internacional. À imprensa, Momade disse que "há grandes fragilidades nas FDS".

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Ossufo Momade, líder da RENAMOFoto: Roberto Paquete/DW

"O Governo deve solicitar o apoio da comunidade internacional para, de forma legal e aberta, apoiar Moçambique no combate a estes terroristas", afirmou esta terça-feira (06.04) Ossufo Momade, líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição moçambicana. 

Momade defendeu o recurso ao auxílio internacional, numa comunicação que leu perante jornalistas e que não teve direito a perguntas. 

"A ocupação de vários distritos de Cabo Delgado e os avanços progressivos dos insurgentes deixam as populações e o país inteiro numa grande insegurança e fica cada vez mais claro que há grandes fragilidades no seio das Forças de Defesa e Segurança", enfatizou. 

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Sem uma resposta eficaz, prosseguiu, a ação de grupos armados poderá alastrar-se da província de Cabo Delgado a outras duas províncias da região norte, nomeadamente Nampula e Niassa. 

O presidente da RENAMO repudiou o recurso a "mercenários" para o combate aos grupos armados, assinalando que esta opção só vai agravar a violência e a vulnerabilidade da soberania moçambicana. 

Identificação dos atacantes

Ossufo Momade defendeu que o Governo deve empenhar-se na identificação dos autores da violência armada no norte, "que parece ter apadrinhamento interno, a avaliar pela forma como começou esta guerra e a maneira estranha como foram negligenciadas as informações de alerta, logo em 2017". 

Momade criticou o "triunfalismo" das Forças de Defesa e Segurança (FDS) na luta contra os grupos armados, classificando-o como "inconsistente e chavões desqualificados". 

O presidente da RENAMO alertou para a situação de "desespero" em que se encontram milhares de pessoas obrigadas a fugir da guerra no norte, deplorando a falta de condições nos centros e nas famílias de acolhimentos dos deslocados. 

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Ossufo Momade censurou ainda o Presidente da República, Filipe Nyusi, por ter dito que o ataque do dia 24 de março à vila de Palma "não foi o maior que tantos outros", acusando-o de "secundarizar a vida e o sofrimento do povo". 

Terrorismo em Cabo Delgado

A violência desencadeada há mais de três anos na província de Cabo Delgado ganhou uma nova escalada há cerca de duas semanas, quando grupos armados atacaram pela primeira vez a vila de Palma, que está a cerca de seis quilómetros dos multimilionários projetos de gás natural. 

Os ataques provocaram dezenas de mortos e obrigaram à fuga de milhares de residentes de Palma, agravando uma crise humanitária que atinge cerca de 700 mil pessoas na província, desde o início do conflito, de acordo com dados das Nações Unidas. 

O movimento terrorista Estado Islâmico reivindicou na segunda-feira o controlo da vila de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia. 

Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, cujas ações já foram reivindicadas pelo autoproclamado Estado Islâmico, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.

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Mais críticas ao PR

Na mesma conferência de imprensa, o líder da RENAMO, acusou o Presidente da República, Filipe Nyusi, de "promover" o consumo de bebidas alcoólicas em plena pandemia de Covid-19, por ter inaugurado uma fábrica de cerveja.  

"Surpreende-nos que o mesmo Presidente da República esteja a promover" o consumo de bebidas alcoólicas "com a inauguração da fábrica de cerveja, o que nos parece ser um paradoxo", afirmou Momade.

Filipe Nyusi inaugurou na semana passada uma unidade de produção da empresa Cervejas de Moçambique (CDM) no distrito de Marracuene, província de Maputo, orçada em 180 milhões de dólares (152,1 milhões de euros). 

O presidente da RENAMO considerou contraproducente que Filipe Nyusi tenha aparecido em público num evento associado à venda e consumo de cerveja, num contexto em que impôs restrições nos horários de funcionamento de bares, no âmbito da prevenção de Covid-19.