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Cabo Delgado: Corpos visíveis nas ruas de Palma

Lusa
26 de março de 2021

Corpos de adultos e crianças assassinadas são visíveis nas ruas de Palma, norte de Moçambique, descreveu hoje à Lusa um residente que, juntamente com outros, fugiu para Quitunda.

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Praca 25 de Setembro, Palma in Cabo Delgado, Mosambik
Praça 25 de Setembro, em PalmaFoto: privat

O residente, que preferiu falar sob anonimato, contou que a fuga foi feita aos poucos desde que rebeldes armados invadiram a vila na quarta-feira (24.03) e começaram a disparar.

Segundo relatou, ele e outras pessoas foram avançando às escondidas, de rua em rua, evitando as zonas onde se ouvia tiroteio, para assim saírem do perímetro de Palma, chegando a Quitunda na quinta-feira (25.03) à tarde.

 Nas ruas viram corpos abandonados de adultos e crianças assassinadas, disse, sem mais detalhes.

 O distrito de Palma tem cerca de 52.000 habitantes, a maioria residente na vila, e a estrutura etária da população moçambicana é jovem, quase metade com menos de 18 anos.

Separação de famílias e danos materiais

Os residentes em fuga relataram também haver duas agências bancárias destruídas, entre outros edifícios, infraestruturas e veículos.

Cinco pesados de transporte de inertes de uma pedreira estavam igualmente destruídos e os motoristas mortos.

O residente disse estar separado da família, porque estava fora de casa quando a ocupação de Palma aconteceu e já não conseguiu regressar.

Outro morador que saiu da vila antes dos ataques disse à Lusa que não sabe do paradeiro da mulher desde o dia da invasão.

BG I Alltag und Militarismus in Cabo Delgado
Membro da milícia "Força Local" em Cabo DelgadoFoto: Roberto Paquete/DW

Um número incalculado de pessoas está desde quarta-feira (24.03) a fugir para a península de Afungi, após o ataque a Palma que entrou hoje no terceiro dia de confrontos.

Confrontos prosseguem

Segundo duas fontes que acompanham as operações, os disparos na vila e em redor continuavam ao fim da tarde desta sexta-feira (26.03) entre forças moçambicanas e os terroristas.

O ataque é o mais grave junto aos projetos de gás após três anos e meio de insurgência armada à qual a sede de distrito tinha até agora sido poupada.

 A violência na província está a provocar uma crise humanitária com quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.

Algumas das incursões foram reivindicadas pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico entre junho de 2019 e novembro de 2020, mas a origem dos ataques continua sob debate.