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Como resgatar as crianças-soldado e travar o recrutamento?

Bernardo Jequete (Chimoio)
8 de março de 2022

Membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique participam numa formação sobre como prevenir o recrutamento e utilização de crianças-soldado pelos insurgentes. Uma ideia é criar centros de acolhimento para as apoiar.

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Foto de arquivoFoto: DW/A. Stahl

Como prevenir o recrutamento e utilização de crianças-soldado no norte de Moçambique? É o tema de uma formação de dez dias que está a decorrer no Batalhão de Chimoio, centro do país.

O objetivo é aumentar "a eficácia operacional do setor de segurança através da formação, orientação da doutrina e apoio no desenvolvimento de um currículo nacional para as violações graves contra a criança em conflito armado", explica Arsene Tshidimu, representante do Instituto Dallaire em Moçambique, um dos parceiros envolvidos no projeto.

Arsene Tshidimu, vom Institut Dallaire in Mosambik
Arsene Tshidimu, do Instituto Dallaire para a Paz e Segurança InfantilFoto: B. Jequete/DW

Desde 2017 que a província nortenha de Cabo Delgado é palco de ataques terroristas. Em setembro passado, a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch denunciou que centenas de rapazes foram raptados pelos insurgentes e treinados em bases espalhadas pela província, sendo forçados a lutar lado a lado com adultos contra as forças governamentais. Alguns dos rapazes têm apenas 12 anos.

Reintegração das crianças-soldado

Lindsay Shearer, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em Moçambique, diz que não há soluções mágicas para travar o recrutamento e utilização de crianças-soldado. É um trabalho que envolve diversos setores.

Uma das ideias é resgatar as crianças e levá-las para centros de acolhimento: "Estamos atualmente a trabalhar com o Governo e os nossos parceiros para fornecer serviços de apoio a menores de 18 anos que são resgatados de grupos armados ou afetados pelos ataques no norte. Após o resgate, pretendemos ter centros de acolhimento onde as crianças possam ser avaliadas e apoiadas até serem reintegradas nas comunidades onde estarão seguras."

Respeitar os direitos humanos

A formação dos membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) é uma parceria entre o Ministério da Defesa, UNICEF e Instituto Dallaire para a Paz e Segurança Infantil, uma organização não-governamental canadiana.

Mosambik Workshop über Kindersoldaten in Cabo Delgado
Formação de membros das FADM decorre em ChimoioFoto: B. Jequete/DW

Em novembro e dezembro já foram formados 100 membros das FADM. Decorre agora a segunda fase do projeto.

Na segunda-feira, na cerimónia de abertura da formação, Delmo Mahanjane, delegado provincial do Centro de Recrutamento e Mobilização de Manica, pediu aos participantes que aproveitem a oportunidade para dissipar dúvidas.

Mahanjane sublinhou que é crucial garantir o respeito pelos direitos humanos durante as operações militares contra os insurgentes, no norte do país: "Não sejamos os primeiros infratores, mas os primeiros defensores daqueles que estão em risco ou vulneráveis", apelou.

"Reconhecemos as dificuldades e os desafios que os militares enfrentam nos Teatros Operacionais Centro e Norte. Por isso, o Ministério da Defesa Nacional decidiu, conjuntamente com a UNICEF e o Instituto Dallaire, dar-vos as ferramentas necessárias para realizarem com sucesso as missões que vos são atribuídas, no respeito escrupuloso dos direitos humanos", acrescentou o responsável.

A formação no Batalhão de Chimoio decorre sob o lema "Proteger as Crianças de Crimes Graves e Prevenir o seu Recrutamento e Utilização como Soldados". Começou na segunda-feira (07.03) e termina a 18 de março.

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