Cabinda: UNITA prepara-se para autarquias em 2023

Desde que Adalberto da Costa Júnior foi eleito presidente da União para a Independência Total de Angola (UNITA), em finais de 2019, o maior partido da oposição recuperou alguma da simpatia que há anos tinha vindo a perder no enclave de Cabinda.

Nas eleições gerais de 2022, o partido no poder, Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que tinha ganho em todas as províncias em 2017, sofreu uma dura derrota em Cabinda onde a UNITA ganhou 68,55% dos votos.

Para alguns analistas a vitória deve-se a promessa de Costa Júnior de transformar Cabinda numa região administrativa autónoma, no dia em que o seu partido formar o Governo.

Em declarações à DW África, o recém-secretário provincial da UNITA em Cabinda, João Manuel, explica os motivos do triunfo do seu partido.

"O povo de Cabinda confiou na UNITA e deu o seu voto de confiança pela maturidade, muito pelo facto do nosso programa estar virado essencialmente às aspirações dessa população", disse o novo responsável provincial da UNITA.

Autárquicas em 2023

Aludindo à promessa do Presidente João Lourenço de organizar eleições autárquicas durante o seu segundo mandato, João Manuel diz que o partido já iniciou os preparativos para disputar as eleições autárquicas em 2023.

"Estaremos a trabalhar nesse quesito preparando os autarcas e deputados que farão parte da câmara municipal".

Em entrevista à DW, João Manuel rejeitou acusações do MPLA, segundo as quais a UNITA se limitaria a criticar, sem nunca apresentar soluções. "Se nós criticamos é porque às vezes não nos dão abertura de diálogo e o Governo atual não dialoga. E quando não há abertura temos de criticar para ver se haja abertura."

Promessas eleitorais

O secretário provincial da UNITA em Cabinda apelou ao Governo de Luanda para retomar as obras sociais paralisadas e arrancar com os projetos de reabilitação da rede rodoviária para melhorar a mobilidade dos cidadãos. Pediu ainda a construção de casas sociais para a juventude.

Alguns militantes, que pediram o anonimato por medo de represálias, mostraram desagrado com certas posições tomadas pelo partido em Cabinda, por exemplo, a substituição o antigo secretário provincial José do Gringo Júnior Lembe por João Manuel. Afirmam que se formaram duas alas opostas dentro da UNITA.

João Manuel diz desconhecer essa situação.

"Nós não temos problemas internos contrárias e nunca vai existir. Agora é normal obviamente que em qualquer partido do mundo haver descontentamento de alguns quadros. Mas isso só acontece também na fase em que há escolhas e que vai dirigir ou não. Portanto só existe uma única UNITA".