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PolíticaBrasil

Lula da Silva eleito Presidente do Brasil

Lusa | cm
31 de outubro de 2022

Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito Presidente do Brasil, com 50,9%, derrotando Jair Bolsonaro, que obteve 49,1%, depois de contados todos os votos, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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Wahlen in Brasilien
Foto: Lincon Zarbietti/dpa/picture alliance

Lula da Silva, que já cumpriu dois mandatos entre 2003 e 2011, regressa ao Palácio da Alvorado após uma vitória na segunda volta, pela primeira na história democrática recente do Brasil, sobre um chefe de Estado que era recandidato.

O antigo sindicalista terá como vice-presidente Geraldo Alckmin, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que já havia sido seu opositor nas eleições presidenciais de 2006, então pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

A diferença de votos no escrutínio foi a mais curta de sempre. Nas presidenciais de 2014, Dilma Rousseff venceu com 54,5 milhões de votos (51,64%) contra Aécio Neves, que totalizou 51,04 milhões (48,36%).

Mais de 156 milhões de brasileiros estavam inscritos para a segunda volta das presidenciais, que colocou frente a frente Lula da Silva e Jair Bolsonaro, numa votação que ninguém admitia perder.

 O candidato do Partido dos Trabalhadores (esquerda), de 77 anos, obteve mais de 60,3 milhões de votos (50,9% do total), com uma vantagem superior a 2,1 milhões face a Bolsonaro (extrema-direita), que conseguiu 58,2 milhões (49,1%), indicou o portal do TSE. 

Wahlen in Brasilien
Apoiantes de Lula da Silva no Rio de Janeiro após anúncio dos resultados oficiaisFoto: Joao Laet/Getty Images

Mesmo antes do apuramento total de votos, o presidente do TSE felicitou, no domingo (30.10), o "Presidente eleito" Lula da Silva pela vitória, numa altura em que estavam contadas 99,93% das secções de voto. "Telefonei aos dois candidatos e felicitei-os por terem participado nesta celebração da democracia que são as eleições", disse Alexandre de Moraes, em conferência de imprensa. 

Acrescentou que, a Lula, também estendeu felicitações como "Presidente eleito" e, embora não tenha revelado o teor da conversa com Bolsonaro, disse estar convencido de que o líder da extrema-direita aceitará o resultado, apesar de muitas vezes ter insinuado que poderia não o fazer em caso de derrota. "Não creio que tenha havido qualquer problema", mas "se houver alguma disputa, desde que dentro do jogo eleitoral, ela será tratada como convém a um Estado de Direito", disse. 

Ainda assim reiterou repetidamente que o processo foi "limpo, seguro e transparente". 

Bolsonaro em silêncio 

O atual Presidente e candidato derrotado ainda não comentou os resultados. 
 Contudo, Moraes insistiu que não espera quaisquer problemas por parte de Bolsonaro: "O resultado foi proclamado, será aceite" e "não prevemos qualquer risco real de contestação", sublinhou Alexandre de Moraes.

Vários líderes mundiais já reagiram à vitória de Lula da Silva. O Presidente de Moçambique saudou esta segunda-feira (31.10) o "irmão Lula" pela vitória, referindo que foi uma conquista feita com "coragem". "Foi uma vitória conquistada pela perseverança, humildade, fé na justiça e, sobretudo, foi uma vitória da coragem do povo brasileiro de enfrentar o futuro consigo, rumo a um país mais forte e justo", escreveu Filipe Nyusi na página oficial do Facebook. 

Lula da Silva era o favorito segundo os principais institutos de sondagens, com entre cerca de cinco a sete pontos percentuais à frente do atual Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

Na primeira volta das eleições realizadas a 02 de outubro, Lula também era o favorito e venceu mesmo com 48,4%. Contudo, as sondagens não descortinaram a força de Jair Bolsonaro que acabou com 43,2%.

Em causa nestas eleições estavam duas personalidades antagónicas que dividiram o país em dois numa polarização nunca antes vista na sociedade brasileira.

Para além de semear há meses dúvidas sobre a legitimidade das urnas eletrónicas e sobre as ações do Tribunal Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal, que Bolsonaro acusa de favorecer o seu adversário, o Presidente brasileiro e a sua campanha criticaram durante a semana a decisão das autoridades eleitorais de negarem uma investigação a alegados crimes eleitorais que fazem com que a sua candidatura presidencial esteja a perder votos em certas localidades.

Bolsonaro e a sua campanha alegam que dezenas de rádios deixaram de transmitir a sua propaganda gratuita, à qual todos os candidatos têm direito, uma conclusão assegurada através da contratação de duas auditorias que investigaram o caso. “Está comprovada a diferenciação ao outro candidato", disse, insinuando que o candidato presidencial Lula da Silva poderá estar envolvido.

A campanha de Lula não ficou indiferente a estas acusações e denunciou que Jair Bolsonaro está a seguir uma "tática" para questionar o resultado das urnas, no caso de uma derrota.

Wahlen in Brasilien
Festejos no Rio de JaneiroFoto: Wagner Meier/Getty Images

Governo de coligação

O Presidente eleito pretende dedicar o seu terceiro mandato ao combate à fome, recuperação da economia, proteção do meio ambiente e a pacificação da população dividida por uma forte polarização política.

Na reta final da campanha, o novo Presidente brasileiro, eleito em 30 de outubro pelo Partido dos Trabalhadores (PT), declarou que sua próxima gestão não será "um governo do PT, será um Governo do povo brasileiro" sinalizando que buscará manter a frente ampla que caminhou consigo n campanha, que contou com apoios de políticos personalidades de esquerda, mas também de centro e de direita que defenderam sua eleição como forma de preservar a democracia no país que consideravam ameaçada pelo atual Presidente, Jair Bolsonaro.

As principais metas de Lula da Silva no terceiro mandato, depois de dois mandatos entre 2003 e 2010, foram anunciadas durante a campanha na qual derrotou Bolsonaro, que falhou a sua tentativa de reeleição e estão compiladas num documento chamada "Carta para o Brasil do amanhã”, divulgado na semana final da corrida eleitoral.

"As primeiras medidas de nosso Governo serão para resgatar da fome 33 milhões de pessoas e resgatar da pobreza mais de 100 milhões de brasileiros e brasileiras. A democracia só será verdadeira quando toda a população tiver acesso a uma vida digna, sem exclusões”, lê-se no documento com 13 metas assinado por Lula da Silva.

A nível económico, Lula da Silva terá que superar cenário económico adverso no país abalado por sucessivas crises, a pandemia, a guerra na Ucrânia e a degradação das contas públicas.

A votação para as presidenciais realizou-se em 5.570 cidades do país e em 181 locais no exterior, com o apoio de quase 1,8 milhões de delegados e membros de mesa.

O total de eleitores brasileiros no exterior cresceu 39% face às eleições de 2018, atingindo os 697.084.