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Berlim de luto após atentado condenado mundialmente

Madalena Sampaio | Reuters | DPA | AFP | Lusa
20 de dezembro de 2016

Incidente da noite passada em Berlim foi um atentado, confirma o ministro do Interior. Chanceler alemã promete mão pesada para os culpados. Polícia admite "dúvidas" sobre o envolvimento de suspeito que já foi libertado.

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Foto: Reuters/F. Bensch

Na capital da Alemanha continuam as investigações sobre o ataque ocorrido na noite de segunda-feira (19.12), quando um camião atropelou dezenas de pessoas num mercado de Natal. Doze pessoas morreram e pelo menos 48 ficaram feridas. Seis das vítimas mortais têm nacionalidade alemã.

"Já não temos dúvidas de que este terrível acontecimento de ontem à noite foi um ataque", confirmou esta terça-feira (20.12) o ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière. "O camião atropelou deliberadamente pessoas que pretendiam passar uma noite tranquila e feliz num mercado de Natal", acrescentou.

Deutschland Anschlag mit LKW auf Weihnachtsmarkt in Berlin
Berlim continua em choque com ataque fatídicoFoto: Reuters/F. Bensch

Segundo o governante, a organização terrorista Estado Islâmico não reivindicou o ataque. Thomas de Maizière confirmou ainda a detenção de um suspeito, que negou o envolvimento no ataque e já foi libertado. 

O suspeito de 23 anos foi preso na noite passada, a cerca de três quilómetros do local do ataque, e não estava armado. Não aparece em nenhuma lista de terroristas procurados, disse ainda Thomas de Maizière.

O autor do ataque pode estar armado e em liberdade, acreditam as autoridades. O segundo ocupante do camião, um homem de nacionalidade polaca, foi encontrado morto dentro da viatura. Está entre as 12 vítimas mortais.

"Não queremos viver paralisados pelo medo""Um dia muito difícil para a Alemanha". Foram as primeiras palavras da chanceler alemã sobre o ataque em Berlim. Afirmando-se "profundamente chocada e triste" com os acontecimentos, Angela Merkel prometeu que o incidente será esclarecido "até ao último detalhe". E que os responsáveis serão punidos duramente, como exigem as leis alemãs.

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Merkel pediu aos cidadãos da Alemanha que não cedam ao medo e ao desespero. "Não podemos nem queremos viver sem os mercados de Natal e as horas maravilhosas que passamos com as famílias e amigos nestes lugares. Não queremos viver paralisados pelo medo do mal. Embora neste momento seja muito difícil, vamos voltar a encontrar forças para viver da forma que queremos na Alemanha: com liberdade, união e tolerância".

Deutschland Bundeskanzlerin Angela Merkel und Innenminister Thomas de Maziere am Breitscheidplatz
Angela Merkel depositou flores no local do atentadoFoto: Reuters/H. Hanschke

A líder alemã acrescentou que se se vier a confirmar que o atentado foi levado a cabo por uma pessoa que pediu refúgio na Alemanha, "isso seria especialmente revoltante para os muitos alemães que, todos os dias, estão envolvidos na ajuda aos refugiados".

"Foi um ataque ao nosso modo de vida", um "ataque à liberdade" que pretende dividir a sociedade alemã, declarou o Presidente Joachim Gauck, que defendeu ainda o direito a sociedade aberta, pacífica e livre baseada no direito e na humanidade.

Angela Merkel, o ministro do Negócios Estrangeiros, Frank-Walter Steinmeier, o ministro do Interior, Thomas de Maizière, e outros governantes visitaram hoje o local do ataque na praça Breitscheidplatz, no bairro de Charlottenburg, onde habitantes de Berlim têm depositado velas e flores em homenagem às vítimas.

Condenação mundial

Reacções de condenação não páram de chegar de várias partes do mundo. O Presidente norte-americano, Barack Obama, disponibilizou-se para apoiar as investigações sobre o atentado.

O seu homólogo francês, François Hollande, também expressou a sua solidariedade com a Alemanha. A França, que em 2015 e 2016, foi palco de vários atentados, "sabe o que representa um ataque terrorista, a tristeza que pode provocar e como devemos estar unidos", sublinhou Hollande.

Atentado terrorista em Berlim

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também condenou o ataque e enviou condolências às famílias das vítimas "deste horrível ato", assim como ao Governo e ao povo alemão.

De África, o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, enviou uma mensagem à chanceler Angela Merkel a repudiar o atentado. O chefe do Governo revela "preocupação pelos caminhos que determinadas intervenções estão a ir, para além de crimes ligados ao terrorismo, mas intervenções às vezes totalmente desenquadradas daquilo que é o grande motor da humanidade que é a paz, tolerância e tranquilidade".