Bengo: Alunos contra propinas durante greve dos professores
28 de abril de 2022Os estudantes da Escola Superior Pedagógica da província angolana do Bengo dizem que tiveram de pagar as propinas nos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março, mesmo quando decorria a greve dos professores e não tinham aulas.
"Nós não estudámos por causa da greve dos professores. Nós, como estudantes, é que fomos os mais afetados, uma vez que tivemos a paralisação das aulas. Não acho justo pagar por algo que não consumimos", protestou António Pedro.
Na vitrina da referida instituição de ensino, um documento datado de 19 de abril comunica a todos os estudantes para proceder à liquidação das propinas correspondentes a seis meses até ao dia 15 de maio.
Domingas Jeremias diz que os estudantes, como ela, se "sentem injustiçados" por ter de pagar aulas de que não beneficiaram.
Escola Superior nega
O diretor da Escola Superior Pedagógica do Bengo entende, no entanto, que o comunicado foi mal interpretado pelos estudantes. Isaías Simão afirma que, dos dez meses previstos para as aulas no presente ano académico, os alunos só terão de pagar seis meses, no valor de 11.400 kwanzas (cerca de 26 euros).
"Os seis meses são o tempo que os estudantes vão frequentar as aulas. Do ano académico que comporta dez meses, foram descontados os quatro meses em que os professores estiveram em greve", explica Isaías Simão.
Segundo o responsável, "os estudantes que não puderem fazer [o pagamento] de forma total podem vir até cá e começar a negociação", afirmou Simão.
Maria Culipanga, presidente da Associação de Estudantes do Bengo, diz que, para ajudar os colegas, tem andado "de turma em turma" a explicar como proceder sobre o pagamento das propinas.
O jurista Bernardo João lembra que só se paga por aquilo que se consumiu.
"No período relativo à greve, não se deve cobrar propinas, salvo melhor opinião", conclui Bernardo João.