Beira: Vida difícil após ciclone Idai
A Beira foi a cidade moçambicana mais afetada pelo ciclone Idai. Milhares de pessoas ficaram desalojadas e agora a vida está bastante mais cara. Autoridades apelam à solidariedade de todos para reconstruir a região.
Beira após ciclone
O ciclone Idai destruiu mais de 90% da cidade da Beira, no centro de Moçambique, segundo a Cruz Vermelha. Milhares de pessoas ficaram desalojadas. Muitas estão em centros de acomodação, outras refugiaram-se em edifícios no centro da cidade. Estas famílias viviam no bairro pesqueiro da Praia Nova, inundado pelas águas, e refugiaram-se aqui.
Medo de doenças
Aqui, nos escombros de um edifício onde havia uma loja de colchões, vivem mais de 180 pessoas, incluindo crianças. Dormem em cima de plásticos, sem redes mosquiteiras. E o risco de contrair malária é grande. As autoridades locais estão preocupadas com a possível eclosão de doenças, também por causa das águas paradas e da falta de saneamento básico. Foram confirmados cinco casos de cólera na Beira.
À espera de realojamento
Elisa morava no bairro da Praia Nova e vive agora na antiga loja de colchões. O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades Naturais (INGC) prometeu realojar as pessoas que aqui estão, e chegou a registar os seus nomes, conta Elisa. Mas, até agora, ela e os outros continuam à espera.
Começar do zero
Pedro vende produtos alimentares: arroz, bolachas, sal, tomates. Mas perdeu toda a sua mercadoria com o ciclone Idai. Como este comerciante, muitos outros habitantes da região perderam as suas fontes de rendimento - na agricultura, por exemplo. A ONU pede apoios para estas pessoas. Pedro tinha uma pequena poupança e, entretanto, já conseguiu comprar produtos para vender na Praça do Município.
Vida mais cara
Os preços dos alimentos e dos materiais de construção subiram depois da passagem do ciclone Idai. E as filas são grandes para comprar produtos básicos como arroz, farinha ou óleo alimentar. Nos centros de acomodação, as vítimas do ciclone alertam que a comida não chega. Uns conseguem arranjar comida distribuída pelas autoridades ou por parceiros, outros não.
Especulação de preços
O preço do tomate aumentou para quase o triplo do habitual. Antes, um quilo rondava 70 meticais (quase um euro); agora, pode custar entre 180 e 200 meticais (2,80 euros). As vendedeiras alegam que os fornecedores aumentaram o preço da caixa de tomate. As autoridades avisam, no entanto, que, se alguém for apanhado a especular preços, será punido com "mão dura".
Reconstrução
Depois da passagem do ciclone Idai, o edil Daviz Simango disse em entrevista à DW que a Beira se tornou uma "cidade fantasma". Segundo Simango, recuperar a cidade e voltar à normalidade é um "desafio enorme". O Governo moçambicano apelou esta quarta-feira (27.03) ao setor privado, à sociedade civil e aos parceiros internacionais para continuarem a apoiar a reconstrução da região afetada.