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"Basta!" é palavra de ordem em nova manifestação contra governo de Angola

Vieira Teixeira, Cristiane20 de novembro de 2013

Alegados assassinatos de Isaías Cassule e Alves Kamulingue originam novo protesto na capital angolana para mostrar indignação perante a situação do país. Apelo à manifestação partiu da UNITA.

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Na última sexta-feira (15.11), o Presidente angolano demitiu Sebastião José António Martins, que estava na chefia do Serviço de Inteligência e de Segurança do Estado. A decisao veio na sequência do alegado assassinato de Alves Kamulingue e Isaías Cassule. Em reação, a UNITA, maior força da oposição angolana, convocou manifestações de indignação pelos assassinatos para o próximo sábado, 23 de novembro.

De acordo com o secretário-geral do partido, Vitorino Nhany, o objetivo da manifestação, com início previsto para as 13h00 do próximo sábado, dia 23 de novembro, é mostrar a indignação da população angolana aos líderes do país.

"José Eduardo dos Santos é o culpado"

"Há um grupo que detém toda a riqueza de Angola, enquanto a esmagadora maioria da sociedade vive mal", afirma o dirigente político, acrescentando que "quando se reclama, são caladas as vidas das pessoas". "Com os últimos assassinatos de Alves Kamulingue e Isaías Cassule, achámos que devíamos apelar a toda a sociedade para nos manifestarmos e dizermos 'basta!' a estas atrocidades", explica.

Vitorino Nhany responsabiliza o Presidente angolano pelos assassinatos, afirmando que José Eduardo dos Santos é "o culpado disto tudo, porque os serviços de segurança dependem de José Eduardo dos Santos". "Nada é feito que não seja do seu conhecimento, por isso, ele é o responsável máximo", considera.

No sábado, os manifestantes pedirão a saída de José Eduardo dos Santos do poder. "O presidente devia renunciar ao cargo, porque não está a servir os interesses de Angola ou dos angolanos", diz Nhany, culpando o presidente de "defender interesses meramente pessoais". "Vivemos em Angola um verdadeiro nepotismo", conclui.

Convite alargado para protesto em massa

Apesar das constantes repressões do Governo angolano a tentativas de manifestações anteriores, a UNITA espera reunir um grande número de pessoas e apresentou às autoridades de segurança duas possíveis rotas de percurso dos manifestantes pela cidade de Luanda.

De acordo com o secretário-geral da UNITA, a manifestação do próximo sábado não tem cunho político e é aberta à participação de todos. "Todos os angolanos estão convidados. Todos aqueles que acham que a lei está a ser esmagada, que a Constituição não está a ser cumprida", afirma.

"Mesmo que estejam no partido no poder, apelamos a todos os angolanos para podermos mostrar a Angola e ao mundo que não estamos nada contentes com aquela que é a atuação do Sr. José Eduardo dos Santos".

MPLA condena manifestações

Esta semana, o MPLA, por meio de seu Bureau Político, divulgou um comunicado reagindo às acusações da UNITA. O documento considera que a UNITA lança calúnias e se aproveita de forma irresponsável de uma ocorrência grave. A convocação de manifestações de rua é considerada desproporcional e oportunista, e teria como propósito clamar por uma mudança de regime, fora de qualquer legitimidade democrática.

O Bureau Político do MPLA escreve ainda que a UNITA estaria "alentada pelo surto de terrorismo dos seus parceiros moçambicanos da RENAMO, que violaram os acordos de paz e estão a lançar a desestabilização e a destruição de novo em solo irmão de Moçambique, espreita também a oportunidade de lançar o caos e a desordem no nosso País. Em conclusão, o documento apela ao bom senso e à serenidade de todos os angolanos.