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Autárquicas 2017: mais participação cívica das comunidades?

21 de julho de 2017

Com o aproximar das eleições autárquicas em Portugal, é possível notar o aumento do interesse para a participação cívica das comunidades de imigrantes africanos, com a apresentação de novos movimentos partidários.

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Portugal Amadora, Kreis der Umgebung von Lissabon
Foto: DW/J. Carlos

Foi esta sexta-feira (21.07) apresentado oficialmente o projeto do movimento "Nós, Cidadãos", no concelho da Amadora, nos arredores de Lisboa. Com o aproximar das eleições autárquicas no país, previstas para 1 de outubro, é possível notar um aumento do interesse para a participação cívica das comunidades de imigrantes africanos. 

Apesar de o número de candidatos africanos ou afrodescendentes ainda não ser expressivo, o surgimento destes movimentos pode mostrar um passo significativo na redução da abstenção no seio destas comunidades. 

No caso do "Nós, Cidadãos" - um movimento de cidadania que pretende "dar voz a quem não se revê" nos partidos que "alternam o poder há 40 anos" -, é Mário Carvalho, um dirigente associativo cabo-verdiano, que encabeça a lista que concorre à Câmara Municipal do concelho da Amadora, o principal órgão de poder local. 

Portugal Mário Carvalho, "Nós, Cidadãos"
Mário Carvalho, cabeça de lista do movimento "Nós, Cidadãos", na AmadoraFoto: DW/J. Carlos

"Não esteve, sinceramente, nos meus horizontes apresentar uma candidatura à Câmara Municipal da Amadora", começa por explicar Mário Carvalho à DW África, clarificando que foi com "muita insistência" do movimento que o conseguiram convencer que "era importante eu estar na linha da frente e apresentar uma candidatura agora". 

Até então presidente da Associação Caboverdiana de Lisboa, Mário Carvalho pretende quebrar o tabu. Sublinha a importância da participação cívica e tem vindo a trabalhar no sentido de existir uma maior emancipação política da comunidade africana radicada em Portugal. 

21.07.2017 Movimento 'Nós Cidadãos' - MP3-Mono

Diz que é por "amor à Amadora", um dos concelhos mais populosos do país e onde vivem cidadãos de cerca de 55 nacionalidades diferentes, que concorre à presidência. "As pessoas vão estar no centro das nossas atenções em várias dimensões", explica Mário Carvalho. 

Natural da Ilha de Santiago e jurista licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Lusófona, o dirigente associativo destaca as várias candidaturas de africanos que emergiram em Portugal em ano de eleições autárquicas.

Acredita que é urgente falar de vários temas, como a tipologia dos bairros sociais e se o seu conceito interfere com as políticas de integração existentes: segurança nos bairros, policiamento de proximidade ou promoção do empreendedorismo e de hortas comunitárias. Mário Carvalho destaca ainda a promoção da educação. 

Mais participação política das comunidades imigrantes?

Também outros partidos mais conhecidos no panorama português, como o Bloco de Esquerda (BE) ou o Partido Socialista (PS) - partido no Governo e que detém a maioria na Assembleia da República juntamente com o BE e outros partidos de esquerda, como o Partido Comunista Português (PCP), Os Verdes e o Pessoas-Animais-Natureza (PAN) - colocam nas suas listas candidatos africanos.

Eduardo Rodrigues, candidato do PS à Câmara Municipal do Seixal, na Margem Sul do Tejo, estendeu o convite à cabo-verdiana Virgínia Dias, que tem como "primeira aposta que nós ganhemos". Depois, considera que é preciso "dar voz à comunidade africana", uma das razões que a levou a aceitar o convite de Eduardo Rodrigues. 

Portugal Vírgina Dias und Eduardo Rodrigues, Sozialistische Partei (Partido Socialista, PS)
Virgínia Dias e Eduardo Rodrigues, candidatos às autárquicas no Seixal, Margem Sul do TejoFoto: DW/J. Carlos

A candidata afirma que este é um passo para a integração cívica da comunidade imigrante, que pode, assim, reivindicar mais direitos. "É lançar o desafio para que as comunidades venham para dentro da política", subscreve Eduardo Rodrigues, que considera que hoje "o mundo é global e as comunidades devem ser todas integradas, se quiserem os mesmos direitos, com as mesmas capacidades de intervir na sociedade". 

Uma das principais preocupações da dupla é apoiar a comunidade no processo de legalização, que está, aos poucos, a ser simplificado. 

As movimentações partidárias estão em fase de pré-campanha até meados de setembro. Além de portugueses, também podem participar nestas eleições autárquicas os cidadãos brasileiros, cabo-verdianos, da União Europeia, entre outros que cumpram os requisitos determinados por lei.