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RDC: Kinshasa proíbe manifestação anti-Kabila

AFP | mjp
24 de fevereiro de 2018

Sem um itinerário definido, diz o governo de Kinshasa, forças de segurança "não podem garantir supervisão" da marcha de domingo contra o Presidente Joseph Kabila.

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Em janeiro, protestos acabaram com confrontos entre manifestantes e forças de segurançaFoto: Getty Images/AFP/J. Wessels

As autoridades da cidade de Kinshasa proibiram, numa carta aos organizadores, a realização das "marchas pacíficas" agendadas para domingo (25.02) pelos católicos contra a manutenção no poder do Presidente Joseph Kabila, na República Democrática do Congo.

"Por falta de uma rota a seguir, a cidade não pode tomar nota da vossa manifestação, porque não pode garantir uma supervisão eficiente", escreve o governador de Kinshasa, André Kimbuta, ao responsável do Comité Laico de Coordenação (CLC).

As autoridades e os organizadores não chegaram a acordo sobre o itinerário oficial da marcha de protesto, depois da repressão brutal de duas manifestações semelhantes, no mês passado.

Reunião inconclusiva

Este sábado, o governador André Kimbuta convidou os organizadores para uma sessão de trabalho para "examinar um itinerário apropriado". No entanto, a reunião terminou sem acordo, devido à ausência de elementos do grupo de opositores, segundo a AFP.

Na noite de Ano Novo e a 21 de janeiro, segundo dados das Nações Unidas e da organização, 15 pessoas morreram às mãos das forças de segurança em protestos pacíficos que visavam exercer pressão para que Kabila se demita. O Governo registou duas vítimas mortais.

Proteste im Kongo
Polícia disparou gás lacrimogéneo na manifestação de 21 de janeiroFoto: Reuters/K. Katombe

A marcha deste domingo, em Kinshasa, foi convocada pelo CLC, uma organização próxima da igreja, uma força social e espiritual influente na República Democrática do Congo.

A tensão política cresce no país desde setembro de 2016, quando confrontos entre jovens e forças de segurança resultaram em dezenas de mortos em Kinshasa.

Aumentam os receios de que a instabilidade possa mergulhar o país – palco de guerras em 1996-1997 e 1998-2003 - novamente na violência.

Kabila candidato?

Joseph Kabila, que tomou o poder após o assassinato do seu pai, em 2001, está no centro de um polémico Governo que os críticos acusam de corrupção e incompetência. O chefe de Estado deveria ter abandonado o cargo em dezembro de 2016, pondo fim ao seu segundo mandato, mas mantém-se no poder no âmbito de leis que lhe permitem permanecer na Presidência até à eleição do seu sucessor.

Num acordo mediado pela igreja, Kabila aceitou a realização de eleições até ao final de 2017, mas o plano caiu por terra, devido ao que as autoridades classificam como "problemas logísticos” na preparação do escrutínio.

No final de janeiro, Kabila reiterou o mais recente calendário para a realização de eleições – marcadas para 23 de dezembro deste ano, dois anos depois do acordado. Até agora, não é claro se vai voltar a candidatar-se à Presidência.

 

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