Aumentam os raptos com pedido de resgate na Etiópia
7 de agosto de 2024No mês passado, três autocarros com mais de 160 estudantes universitários viajavam para Addis Abeba, a capital etíope, para as férias de verão, quando foram intercetados por homens armados na província de Oromia. Os estudantes foram raptados e levados para uma área remota onde, acredita-se, opera o Exército de Libertação Oromo.
Dois dias depois, as famílias dos estudantes foram contatadas para pedir resgate. "Recebi uma chamada da minha irmã na sexta-feira, 4 de julho, depois de não ter tido notícias dela durante dois dias. O telefonema foi interrompido, mas os raptores telefonaram-me mais tarde, exigindo 500 000 Birr etíopes (ETB) (6 200 dólares, 5 700 euros) pela sua libertação", contou a irmã de uma das vítimas.
Uma semana depois do incidente, Hailu Adugna, porta-voz do estado regional de Oromia, anunciou que estudantes estavam a ser libertados através de uma operação governamental coordenada com moradores locais.
"Conseguimos libertar 160 estudantes e ainda estamos a trabalhar para libertar os restantes sete", decvlarou.
Famílias confusas com declaração do Governo
No entanto, as famílias dos estudantes raptados mostram-se confusos e contestam: "Não vimos nada que suporte a declaração do Governo. Onde estão os estudantes libertados, incluindo a minha irmã?"
Embora estudantes sejam alvos frequentes, trabalhadores de vários setores, incluindo fábricas de cimento, bem como funcionários públicos e agricultores, também foram raptados e feitos reféns.
Em grande parte dos casos, grupos armados são acusados de realizar os raptos. Enquanto alguns têm como principal objetivo o ganho financeiro, outros podem estar a seguir uma agenda política.
Seja como for a tendência é preocupante na Etiópia com organizações locais e internacionais de defesa dos direitos humanos a apelarem ao Governo que garanta a ordem e proteja os civis.
À medida que o país se recupera do conflito na região de Tigray, que terminou em 2022, e luta contra um conflito civil, muitos etíopes questionam a capacidade do Governo do Primeiro-Ministro Abiy Ahmed de lidar com a crise de segurança.