Aumentam assasinatos entre parentes em Inhambane
13 de novembro de 2018Sem avançar dados das pessoas que foram assassinadas pelos seus filhos, alegando infortúnio e falta de sorte para ingressarem no mercado de trabalho na província de Inhambane no sul de Moçambique, o porta-voz do Comando Provincial da Polícia, Juma Aly Dauto, disse à DW África que o crime está a aumentar em números assustadores e que estão envolvidos indivíduos escolarizados.
Juma Aly Dauto acusou a Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO) de atuar como protagonista desses atos no seio da sociedade.
"Os filhos que tiram a vida, principalmente às suas próprias mães alegando [serem elas responsáveis pelo] insucesso na sua vida," afirmou, acrescentando que se calhar, a AMETRAMO pode explicar-nos melhor".
"Têm sido casos recorrentes que estamos a registar em quase todas as faixas etárias e [envolvendo] indivíduos com quase todos os níveis académicos", revelou.
Em resposta, Bernardo Carlos, Presidente da AMETRAMO em Inhambane, lamentou a situação e disse que os curandeiros estão interditados de divulgar os nomes dos feiticeiros, por forma a evitar conflitos no seio das famílias.
"O curandeiro, se faz o seu trabalho com o paciente, não pode dizer diretamente à pessoa: 'Quem está a te enfeitiçar é fulano", explicou.
"A pessoa vai ao curandeiro só para saber da sua saúde. É só procurar a saída do problema", avaliou.
Falta de consciência
Cecílio Bila, diretor provincial da Justiça disse à imprensa, na segunda-feira (05.11), que o crime na região está a aumentar e, por isso, os jovens deveriam procurar outras formas de encarar os problemas colocados pela sua integração na sociedade e encontrar outras formas para dar resposta aos desafios do quotidiano.
"Porque se pensarmos que o nosso pai ou a nossa avó nos enfeitiça, e essa é razão do nosso infortúnio, teremos de maneira recorrente este tipo de crimes. Temos que olhar para nós como indivíduos capazes de produzir, capazes de colaborar para o bem da sociedade e encontrar respostas adequadas aos desafios que nos são colocados", ponderou.
José Chissuco, delegado provincial do Instituto de Patrocínio a Assistência Jurídica (IPAJ), revelou à DW África que a sua instituição tem recebido várias queixas – como, por exemplo, de homicídios que acabam por dividir famílias.
"Alguns casos aparecem no IPAJ e a nossa missão é proteger a família-vítima destes casos passionais que têm a ver também com problemas culturais", avaliou.
Para tentar ultrapassar este problema de assassinatos dos parentes pelos seus progenitores, o porta-voz do Comando Provincial da Polícia em Inhambane, Juma Aly Dauto, garante que existe um trabalho permanente de consciencialização junto das comunidades.
"Há um trabalho que está a ser feito junto das comunidades, através das ligações entre a policia e a comunidade no sentido de desencorajar esses atos. Falamos com os líderes comunitários e já tivemos reuniões também com os líderes religiosos no sentido de colocarem a mão na consciência", afirmou.