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Ativistas na esquadra após protesto impedido em Luanda

Manuel Luamba
16 de março de 2024

Uma marcha que visava protestar contra a violência exercida sobre as mulheres zungueiras, prevista para este sábado (16.03), em Luanda, foi impedida pelas autoridades. A polícia alegou falta de autorização.

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Polícia dispersou protesto de zungueiras em Luanda
Polícia dispersou protesto de zungueiras em LuandaFoto: Manuel Luamba/DW

A concentração começou no Largo da Cimex, arredores da cidade de Luanda, mas rapidamente foi reprimida pelas autoridades policiais.

Vários manifestantes, homens e mulheres, pretendiam marchar passando pelo viaduto da Unidade Operativa, Kalemba, até ao Largo da Teixeira, próximo do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro. Segundo a organização, o objetivo era repudiar a violência contra as mulheres zungueiras. 

Por volta das onze e meia da manhã, algumas ativistas e vendedoras ambulantes mobilizadas para o efeito já se faziam notar naquela zona da cidade.

No chão estavam cartazes com dizeres como "País fértil, gestão falhada", "A má governação pariu a zunga" e "O governo quer nos abortar", entre outras.

Vários cartazes foram rasgados pela polícia
Vários cartazes foram rasgados pela políciaFoto: Manuel Luamba/DW

Com megafones, ativistas como Marinela Pascoal e Elizabeth Campos mobilizavam as vendedoras ambulantes que, com os seus produtos sobre a cabeça, enchiam o local da concentração. 

Porém, minutos depois, a polícia, munida de aparato, surgiu e reprimiu a marcha, alegando que a mesma não tinha sido autorizada. 

À medida que os agentes da polícia rasgavam os cartazes, as zungueiras cantavam: "polícia é do povo e não é do MPLA" e "ser zungueira não é crime".

Na onda de dispersão dos manifestantes, a imprensa não foi poupada, como explicou à DW o repórter Hermenegildo Kaculo, da TV Folha 8. "A polícia tentou receber a minha câmara de filmagem alegando que não estava autorizado para fazer reportagem. Até pegou nas minhas mãos e estremeceu-as para ver se eu deixava cair a câmara, mas como eu estava a fazer o meu trabalho, mantive a postura de jornalista", contou.

Impasse durou uma hora 

O impasse entre a polícia e a imprensa durou quase uma hora quando alguns repórtes foram convidados a ir à esquadra do Neves Bendinha, a escassos metros do local onde decorria o protesto. 

"Nós recusamos porque estávamos a fazer o nosso trabalho", esclareceu Hermenegildo Kaculo.

Repórteres na zona do protesto foram convidados a apresentarem-se na esquadra da polícia
Repórteres na zona do protesto foram convidados a apresentarem-se na esquadra da políciaFoto: Manuel Luamba/DW

As promotoras da marcha também foram convidadas a ir à esquadra prestar depoimentos. Apesar da resistência, consentiram e foram levadas pela polícia.

"Nós estamos aqui na esquadra do Neves Bendinha. Ninguém nos ouviu, deixaram-nos aqui, estamos aqui sem informação nenhuma. Se estamos detidas ou estamos retidas, nenhuma informação", disse Laurinda Gouveia três horas depois de ter sido levada para a esquadra. 

"A comandante ordenou que fossemos levados à esquadra e nós viemos andando na paz e na tranquilidade, uma vez que eles inviabilizaram a nossa atividade. Tratava-se de uma atividade normal que temos feito, nos dias normais, sobretudo todos os meses de março", frisou. 

"Como sabemos, o mês de março é o mês da luta das mulheres pelos seus direitos", explicou Laurinda Gouveia a partir da esquadra. 

Laurinda Gouveia, Marinela Pascoal e Elizabeth Campos permaneciam naquela esquadra policial às 17h30 (hora local), tempo do fecho desta reportagem. A DW África tentou ouvir o Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, mas sem sucesso.

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