Ativistas e membros da oposição alvos de ameaças em Angola
29 de abril de 2015As ameaças contra o chamado "advogado do povo" têm sido frequentes nos últimos dias, depois de David Mendes se voluntariar para defender os fiéis da seita religiosa "A Luz do Mundo", incluindo o seu líder José Julino Kalupeteka.
Em entrevista à DW África, o presidente da Associação Mãos Livres, Salvador Freire, confirma as ameaças, acrescentando que as mesmas se têm estendido a outros membros daquela organização de defesa dos direitos humanos.
"Essas ameaças vêm de pessoas estranhas. São mensagens de fontes anónimas, para ver se desistimos do que temos vindo a fazer", afirma. "Algumas pessoas envolvidas no processo não estão contentes com o trabalho imparcial que a Associação Mãos Livres tem realizado no caso 'Kalupeteka'."
Intimidação a membros da oposição
Estes não são casos isolados. Mfuka Muzemba, deputado do maior partido da oposição em Angola, a UNITA, conta que também tem sido alvo de ameaças. Na sexta-feira passada, 24 de abril, três homens atacaram Muzemba, que, na altura, se encontrava dentro da sua viatura.
Um deles "encosta no meu vidro, olha para mim e aponta-me a pistola para a cabeça. Naquele susto todo, acelerei e ele começou a disparar os tiros", relata.
O caso já é do conhecimento das autoridades policiais. Aguarda-se agora mais esclarecimentos. Mas esta não foi a primeira vez que Mfuka Muzemba foi atacado.
Há dois anos, "alguns indivíduos atentaram contra a minha casa. Eles foram apanhados em flagrante e entregues à polícia. Mas a polícia soltou os indivíduos, sem nos dar nenhuma explicação. Até à data em que vos falo, desconhecemos o número do processo. Quando nos fomos aperceber, os indivíduos que atentaram contra a nossa casa eram polícias."
Há cerca de cinco meses, outro parlamentar da UNITA, Liberty Chiaka, também foi alvo de um ataque perpetrado por um indivíduo que se supõe ser dos serviços secretos. Neutralizado pela guarda pessoal do deputado, o alegado operativo foi entregue às autoridades. No entanto, de lá para cá, não se conhecem novos desenvolvimentos no processo.