Ativistas detidos durante protestos em Benguela e Luanda
27 de maio de 2015O protesto em Benguela, no centro oeste de Angola, juntou cerca de duas dezenas de pessoas e foi repelido pela polícia em colaboração com agentes à paisana que se supõe pertencerem aos serviços secretos.
"Depois de caminharmos cerca de 300 ou 400 metros apareceu a primeira carrinha [da polícia] a interpelar os manifestantes. A marcha foi desviada para outro sítio e outras carrinhas surgiram da frente, de trás e dos lados do protesto", contou Joaquim Namassala, um dos manifestantes.
Treze ativistas, pertencentes ao chamado "Movimento Revolucionário", foram detidos, tendo sido levados para a primeira esquadra do Comando Provincial de Benguela. Há relatos de que dois manifestantes desapareceram.
Eduardo Ngumbe, outro manifestante que escapou à detenção, responsabiliza, desde já, o Presidente José Eduardo dos Santos por tudo o que vier a acontecer aos manifestantes levados pela polícia: "Ele é que será sempre o culpado, porque, no final de contas, a Constituição autoriza a manifestação."
Protesto em Luanda
Em Luanda, mais de dez ativistas, incluindo Adolfo Campos, foram detidos. Eles também tentaram realizar um protesto, no Largo Primeiro de Maio, em memória do massacre iniciado a 27 de maio de 1977. Nessa altura, dezenas de milhares de angolanos morreram às mãos das autoridades, que terão inviabilizado uma alegada tentativa de golpe de Estado contra o regime do primeiro Presidente angolano, António Agostinho Neto.
Esta quarta-feira, durante os protestos em Benguela, não houve registo de nenhum tipo de espancamento contra os ativistas. Mas, em Luanda, a Polícia Nacional está a ser acusada de reprimir e espancar brutalmente vários manifestantes.
Até ao momento, ainda não houve qualquer reação das autoridades em relação às detenções dos ativistas em Luanda e Benguela.