Políticos angolanos convidados a debater "livro subversivo"
12 de novembro de 201512 jovens foram detidos durante cinco horas, esta quarta-feira (11.11) em Luanda, durante uma manifestação a propósito do dia da independência de Angola, e sujeitos a várias interrogações de elementos ligados à Policia Nacional, à Unidade de Guarda Presidencial (UGP), e aos Serviços de Inteligência e Segurança do Estado. Os ativistas foram libertados às 19h00.
Um dos membros do autodenominado "Conselho Nacional dos Ativistas Cívicos de Angola”, Emiliano Catumbela, afirma que desmaiou na hora da detenção, depois de ser agredido no peito. “Eu próprio cheguei a desmaiar. Neste momento, encontro-me com o peito inflamado”, conta.
“Fomos detidos às 14h00, encarcerados pelos agentes da Polícia e torturados psicologicamente”, explica o ativista, acrescentando que os jovens foram “acusados de pertencerem à oposição angolana e de serem instigados por líderes e organizações internacionais”
“Fomos cercados pelos homens da UGP, Serviços de Inteligência e Polícia Nacional. Todos eles tiveram a arrogância de falar em torturar e matar”, afirma Emiliano Catumbela.
Figuras políticas recebem convite para debater obra de Gene Sharp
No passado dia 20 de junho, 15 jovens ativistas foram detidos, acusados de tentativa de golpe de Estado. Estavam reunidos numa sala, em Luanda, para debater o livro do norte-americano Gene Sharp, intitulado “Da Ditadura à Democracia”, considerado "subversivo" pelo regime de José Eduardo dos Santos.
Alguns meses depois da detenção dos 15 jovens, um grupo de ativistas volta a debater a mesma obra, esta sexta-feira (13.11). E foi feito um convite a várias figuras políticas para discutir o livro.
“Convidámos o chefe de segurança do Estado angolano, Eduardo Octávio, o ministro do Interior, Ângelo Veiga, o Procurador-Geral da República, João Maria de Sousa, e outras individualidades do Executivo angolano”, explica António Quissanda, um dos organizadores.
Os jovens ativistas enviaram também convites formais ao Comandante-Geral da Polícia Nacional e ao Comandante Provincial de Luanda.
Para além da obra de Gene Sharp, diz o organizador, estará também em debate “o livro de um dos arguidos do processo dos ‘15+1’, que fala sobre as ferramentas para derrubar um ditador. O debate será aberto ao público”.