Ativista Stella Nyanzi libertada
11 de maio de 2017Stella Nyanzi, de 42 anos de idade, foi presa depois de postar ofensas em sua página no Facebook, referindo-se ao Presidente ugandês Yoweri Museveni como um "par de nádegas" por não cumprir a sua promessa de fornecer pensos higiénicos para meninas em idade escolar.
As críticas de Stella Nyanzi também eram dirigidas à primeira-dama, Janet Museveni, ministra ugandesa da Educação. Segundo a ativista, muitas meninas faltam a escola por não ter acesso aos pensos higiénicos.Esta quarta-feira (10.05.), Stella Nyanzi compareceu no tribunal, em Campala, aparentando estar com a saúde debilitada. O advogado de defesa, Nicholas Opiyo, afirmou que o estado de saúde da ativista foi um dos argumentos usados para pedir a sua libertação.
"Stella sentiu-se mal, e teve um ataque de malária. Sabemos também que ela é hipertensa e precisa de atenção médica frequente. É lamentável que esteja com a saúde debilitada. Vê-se que ela está a cair nos degraus do tribunal. Agora que foi libertada, iremos a procura dos cuidados médicos necessários".
Nova audiência a 25 de maio
Nyanzi, terá que comparecer no tribunal no próximo dia 25 de maio para uma nova audiência onde o juíz James Mwanda deverá determinar se a ativista está realmente "perturbada mentalmente".
O advogado da ativista teme, no entanto, que outras acusações levem Nyanzi de volta à prisão."Tem sido uma prática comum. Muitos que são libertados, depois são presos novamente. Sabemos que estas acusações não são as únicas contra Stella. Quando ela estava detida na polícia, foi interrogada por outros motivos, como por coletar dinheiro para a campanha de pensos higiénicos no Uganda. Portanto, há uma possibilidade de que usem outras acusações para prendê-la. Esperamos que isso não aconteça", sublinha o advogado.
Promessa não cumprida por Nuseveni
No ano passado, durante a campanha eleitoral, o Presidente Yoweri Museveni, que está há mais de 30 anos no poder, prometeu distribuir gratuitamente pensos higiénicos nas escolas, o que lhe valeu muitos votos. Mas agora o Governo alega falta de verbas para cumprir o prometido.
Stella Nyanzi, a feminista mais conhecida no país, lançou uma campanha de angariação de fundos nas plataformas sociais na internet, para conseguir oferecer os pensos higiénicos às estudantes. Dos dois terços de estudantes ugadenses que não completam a escolaridade, a maioria é meninas.
Na semana passada, num discurso feito por ocasião do Dia mundial da liberdade de imprensa, a embaixadora dos EUA no Uganda, Deborah Malac disse que "o caso de Nyanzi mostra que os direitos constitucionais e as liberdades individuais aparentemente tem limites, principalmente quando essas opiniões são críticas em relação aos dirigentes do país".