Ataques do Boko Haram deixam mais de 50 mortos na Nigéria
21 de novembro de 2018Os jihadistas do Boko Haram mataram pelo menos 53 soldados e agricultores em três dias de ataques no nordeste da Nigéria, disseram fontes de segurança esta terça-feira (20.11), numa nova demonstração de força antes das eleições de fevereiro.
Apesar da insistência do Governo de que o Boko Haram está quase derrotado, o grupo realizou recentemente uma série de grandes ataques contra alvos militares e civis.
O Presidente Muhammadu Buhari, que tentará a reeleição em fevereiro, enfrenta críticas generalizadas devido à situação de insegurança, já que os soldados do nordeste do país, região dominada pelos extremistas, se queixam regularmente de insuficiência de suprimentos de alimentos e armas.
Ataques
O Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP), um grupo dissidente do Boko Haram, matou pelo menos 44 soldados em ataques a três bases militares no final de semana, segundo fontes de segurança.
Desses, pelo menos 43 foram mortos no domingo em Metele, uma aldeia remota perto da fronteira com o Níger, segundo um oficial militar que pediu anonimato. "Nossas tropas foram completamente derrotadas e os terroristas capturaram a base depois de intensos combates", disse o militar à agência de notícias France-Presse (AFP), acrescentando que o comandante da base e três oficiais estavam entre os mortos.
Um miliciano pró-Governo disse que os jihadistas chegaram a bordo de 20 camiões e que o apoio aéreo do Exército não chegou até depois de terem "invadido a base e saqueado as armas".
No mesmo dia, os jihadistas também lançaram um ataque antes do amanhecer em uma base na cidade de Gajiram, cerca de 80 quilómetros ao norte da capital do estado de Borno, Maiduguri. Os combates duraram várias horas, disseram moradores locais à AFP.
E um soldado foi morto em um ataque no último sábado numa base em Mainok, também no estado de Borno, o berço do movimento Boko Haram, disseram fontes de segurança.
Autoria da violência
O ISWAP afirmou ser responsável pelos ataques em Metele e Mainok, alegando ter matado pelo menos 42 soldados, além de levar quatro tanques e outros veículos, segundo o grupo de monitoramento SITE Intelligence.
Além disso, segunda-feira viu o mais recente em uma série de ataques às aldeias, geralmente realizadas para pilhar alimentos e sequestrar civis usados como combatentes ou forçados a se casar com jihadistas.
Os jihadistas acusaram agricultores e madeireiros de repassar informações aos militares. Armados com armas e facões, os extremistas mataram nove agricultores e sequestraram 12 outros na aldeia de Mammanti, no estado de Borno, disseram moradores locais à AFP na terça-feira.
Também na segunda-feira, sete mulheres foram sequestradas enquanto trabalhavam em campos perto da cidade de Bama, segundo milicianos que lutam ao lado de soldados do exército. Num ataque a Mammanti na semana passada, os jihadistas roubaram centenas de cabeças de gado.
A onda de ataques a alvos militares sugere que os linhas-duras do ISWAP assumiram a liderança após as divisões internas, dizem os observadores. Mais de 27 mil pessoas morreram desde o início da insurgência do Boko Haram em 2009, e 1,8 milhão permanecem desabrigadas.