Ataque mostra que "Junta Militar" continua ativa, diz Nhongo
24 de setembro de 2021O líder da autoproclamada "Junta Militar" da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Mariano Nhongo, disse esta sexta-feira (24.09) que o ataque de duas semanas atrás a Muanza, que matou duas pessoas, mostra que o movimento dissidente continua ativo.
"Passaram quatro a cinco meses" desde que "a Frente de Libertação de Moçambique [FRELIMO, partido no poder], assim como Ossufo [Momade, presidente da RENAMO] cantavam que já não há mais 'Junta Militar'", afirmou. "Então, nós tínhamos de desmentir" e mostrar "que ainda existe", referiu numa conversa telefónica de parte incerta com jornalistas na cidade da Beira.
Questionado sobre se tal é uma aceitação implícita da autoria do ataque, Nhongo referiu que os autores "não são da Junta Militar", mas "podem ser pessoas que querem ajudar" o movimento dissidente, atuando a título "particular".
"Se alguém não é amado, o descontentamento enche. Fica muito descontentamento, cada qual fala e faz o que quer", acrescentou.
Exigências mantidas
Segundo Nhongo, mantêm-se as exigências para o Governo "aceitar o que a Junta Militar quer", caso contrário, "pessoas em particular podem fazer aquilo", ou seja, os ataques contra civis.
A 9 de setembro, dez homens armados mataram duas pessoas e feriram outras duas durante um assalto a um estabelecimento comercial no distrito de Muanza, província de Sofala, no centro do país.
Os assaltantes estavam munidos de armas de fogo e catanas e apoderaram-se de alimentos e outros bens.
A polícia atribuiu a autoria do ataque à "Junta Militar", anunciando uma perseguição para captura dos seus elementos.
O grupo discorda dos termos do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) decorrente do acordo de paz assinado em agosto de 2019 entre a RENAMO e o Governo.
Aos antigos guerrilheiros, agora dissidentes do maior partido da oposição, é desde então atribuída a autoria de vários ataques armados contra alvos civis e das Forças de Defesa e Segurança (FDS), matando cerca de 30 pessoas.