Assassinado opositor do rei de Essuatini
22 de janeiro de 2023A morte de Thulani Maseko aconteceu algumas horas depois de um discurso de desafio do rei de Essuatíni contra os opositores ao seu reinado absoluto, indicou a agência de notícias France-Presse (AFP).
Thulani Maseko, de 52 anos, "foi morto a tiros na noite passada por homens armados desconhecidos na sua casa", indicou à AFP Sikelela Dlamini, secretário-geral da Swaziland MultiStakeholder Forum, uma coligação de partidos da oposição, associações e igrejas que pedem reformas democráticas.
"Os assassinos atiraram sobre ele pela janela quando ele estava em casa com a sua família", disse o secretário-geral desta coligação, que foi fundada por Thulani Maseko.
O advogado de direitos humanos tinha avançado com um processo judicial contra o rei Mswati III por renomear o país como Essuatíni por decreto, afirmando que essa decisão foi inconstitucional.
Em 2014, Maseko e o editor do jornal mensal "The Nation", Bheki Makhubu, foram presos depois de criticarem o sistema judiciário pela sua parcialidade e falta de independência, tendo ambos sido acusados e condenados por desacato ao tribunal.
O assassinato de Thulani Maseko aconteceu algumas horas depois das declarações do rei no decorrer de uma cerimónia tradicional: "As pessoas não devem reclamar dos mercenários que as matam. Essas pessoas começaram a violência primeiro, mas quando o Estado as pune pelas suas ações, elas fazem muito barulho acusando o rei Mswati".
Reprensão aos opositores
Na semana passada, a Rede de Solidariedade da Suazilândia acusou o rei de contratar mercenários, principalmente africânderes - habitantes da África do Sul descendentes de colonos calvinistas -, para ajudar as forças de segurança a reprimir a crescente oposição.
O porta-voz do Governo de Essuatíni, Alpheous Nxumalo, negou as acusações: "Nenhum assassino foi contratado."
Em comunicado, o Governo expressou "condolências" à família do advogado assassinado, classificando a sua morte como "uma perda para a nação" e assegurando que a polícia já procura "os assassinos e não descansará enquanto não forem presos".
"A notícia chocante de que Thulani Maseko foi baleado a sangue-frio não é surpreendente", reagiu a associação Freedom under law, que defende os direitos na África Austral.
Essa organização não governamental (ONG) lembrou Maseko como um "advogado tenaz e intrépido, um crítico aberto do poder", que sofreu "nas mãos de um regime implacável".
"Ninguém pode ser enganado pela mensagem cínica de condolências transmitida em nome do Governo", acrescentou a ONG.
Essuatíni é um pequeno país sem litoral, limitado a leste por Moçambique e em todas as outras direções pela África do Sul, que é governado desde 1986 pelo rei Mswati III, criticado por um estilo de vida extravagante e regularmente acusado de violações dos direitos humanos.
O rei, que pode dissolver o parlamento, o Governo e nomear ou demitir juízes, também comanda a polícia e o exército. Os partidos políticos, teoricamente autorizados, não podem participar nas eleições. As próximas estão previstas para este ano.
Em junho de 2021, foram realizadas manifestações pró-democracia, que provocaram vários mortos.