Arte moçambicana em exibição na Alemanha
13 de julho de 2015Dois artistas moçambicanos apresentam os seus trabalhos na Artspace K2 em Remagen, uma galeria de arte próximo de Bona. O pintor Dito Tembe, que trouxe pinturas da mulher moçambicana com formas arredondadas, dando-lhe assim um poder feminino, explica à DW África o quanto "gosta de pintar mulheres".
O tema "coincidiu numa altura que estava a refletir muito em Moçambique sobre a posição da mulher moçambicana ou africana. Mas ao fazer as obras o título ainda não estava claro. As pessoas que viram as obras acharam que as formas redondas davam poder à mulher, então chamamos-lhe Women Power", conta o pintor.
Dito Tembe nasceu em Maputo, em 1960. Estudou artes visuais na Casa Amizade Rússia e Alemanha nos finais dos anos 80, em Schwerin.
O outro artista é o escultor Simões Ferreira, que juntou à mesma temática as formas arredondadas da mulher, enaltecendo os seios femininos, nas suas esculturas feitas de troncos de madeira. O escultor destaca o papel importante da mulher na sociedade: "Quem se aplica demais em todos os seus exercícios quotidianos são as mulheres muito mais que os homens. Se são elas que tomam conta da casa, se são elas que tomam conta dos serviços e dos escritórios, elas movem-se de um lado para o outro, preocupam-se com a vida do homem para ter a sua cama sempre feita. É por aí que eu sinto que as mulheres fazem muito e merecem que nos apliquemos por ela".
Simões nasceu em Maputo, em 1959. Em 2012 completou o curso de electrotecnia no Instituto Industrial de Maputo. O escultor pensa que é essencial uma maior aprendizagem para melhor se compreender a cultura. "É preciso que toda a gente passe pela aprendizagem e conheça melhor o que fazemos, o que temos de preservar e para onde vamos com a nossa cultura".
Educação é essencial para a sociedade moçambicana
A DW África perguntou aos dois artistas como veem a atual sociedade moçambicana. Dito Tembe responde que "não está assim muito fácil". E tem a impressão que "a razão fundamental são as mudanças constantes. A educação tem sido o maior problema, além do transporte público e das infraestruturas". Simões também pede "mais intervenção para a educação e um desenvolvimento equilibrado".
No panorama político, Dito diz que a política o cansa. “Nos últimos anos fiquei cansado por causa de a RENAMO e a FRELIMO terem feito mais de 60 reuniões baseadas mais no acerto dos pequenos conflitos que tem havido em Moçambique."
Violência doméstica é um problema
O pintor Dito Tembe acredita que a mulher moçambicana sofre com a violência doméstica. "Há muita coisa que ainda acontece em Moçambique. Uma das coisas que pretendo pintar no futuro é a violência doméstica".