França e Polónia rejeitam equiparações entre Israel e Hamas
21 de maio de 2024O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, considerou "inaceitável" a comparação feita "entre os líderes de uma organização terrorista e o primeiro-ministro de Israel", mas admitiu que a "evolução política de [Benjamin] Netanyahususcita ceticismo em relação ao que está a fazer".
Disse ainda que não se considera um "fã" do primeiro-ministro israelita, uma vez que o conhece "há muito tempo", segundo o diário 'Rzeczpospolita'.
"Poderia até dizer que, no início do seu primeiro mandato, éramos amigos, ou algo do género, mas a sua evolução política mudou isso.Penso que ele é corresponsável pela crise no Médio Oriente,para não falar da política interna", considerou o antigo presidente do Conselho Europeu.
Tusk afirmou no entanto que "tentar provar que o primeiro-ministro israelita e os líderes de uma organização terrorista como o Hamassão a mesma coisa (...) é absolutamente inaceitável".
Mandados de captura
O procurador-geral do TPI, Karim Khan, solicitou na segunda-feira mandados de captura para aqueles que considera serem os principais responsáveis pela guerra de Gaza, acusando-os de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, um pedido condenado pelo Hamas e por Israel, após mais de sete meses de guerra em Gaza, que causou mais de 35.500 mortos.
Khan pediu a prisão de Netanyahu e do ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, que já reiteraram que não aceitam a autoridade do TPI, um órgão judicial do qual Israel não faz parte.
O procurador pediu igualmente a detenção do chefe do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, do chefe político do grupo, Ismael Haniyeh, e de Mohamed Deif, comandante-chefe do seu braço armado, as Brigadas Al Qasam.
"Não se estabeleçam equivalências"
Por seu lado, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Stéphane Sejourné, apelou a que "não se estabeleçam equivalências" entre os pedidos simultâneos emitidos e que, em última análise, visam tanto os membros do Hamas como altos responsáveis do governo israelita.
O Hamas é um "grupo terrorista que celebrou os atentados de 07 de outubro", que mataram 1.200 pessoas em solo israelita. Israel, por seu lado, "é um Estado democrático que deve respeitar o direito internacional ao travar uma guerra que não decidiu iniciar por si próprio", sublinhou o ministro francês, num discurso no Parlamento.
Neste sentido, afirmou que a França "reconhece a independência do TPI" e afirmou que "cabe agora aos juízes decidir se emitem ou não os mandados de captura em questão".
"Fá-lo-ão de forma independente"
"Fá-lo-ão de forma independente", explicou, antes de insistir que a França mostra a sua "solidariedade tanto com o povo israelita como com o povo palestiniano", mantendo-se "empenhada em alcançar uma solução pacífica para o conflito".
Já antes o chefe da diplomacia de Itália, Antonio Tajani, tinha considerado inaceitável a equiparação entre o Hamas e Israel.
"É absolutamente inaceitável equiparar o Hamas e Israel, os líderes do grupo terrorista que lançou a guerra em Gaza massacrando cidadãos inocentes e os líderes do governo eleito pelo povo israelita", afirmou Tajani numa entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera publicada hoje.
Nesta terça-feira, os Estados Unidos consideram que ainda é possível um cessar-fogo entre Israel e Hamas em Gaza, mas que esses esforços foram dificultados pelo pedido do procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) de mandados de captura para dirigentes israelitas.