Trump anuncia fim de exercícios militares na Coreia do Sul
12 de junho de 2018Não há dúvidas que a cimeira entre Donald Trump e Kim Jong-un foi histórica. Afinal, foi o primeiro encontro entre líderes dos dois países em setenta anos. Na conferência de imprensa que se seguiu, o Presidente norte-americano anunciou que ficou acordada a "total desnuclearização” do programa de armamento norte-coreano.
Donald Trump teceu vários elogios a Kim Jong-un e garantiu que este acordo que trará benefícios para o país e o seu líder.
"Não há limite para aquilo que a Coreia do Norte pode alcançar-se quando desistir das suas armas nucleares e abraçar o comércio e relações com o resto do mundo. O Presidente Kim tem, perante ele, uma oportunidade como nenhuma de ser lembrado como o líder que conduziu o seu povo a uma nova era de segurança e prosperidade”, disse o Presidente norte-americano.
Contudo, o que Trump chama de sucesso, os críticos têm chamado de "promessas vagas”. Segundo a agência France Press, o documento não menciona a "desnuclearização completa e irreversível". Outra das críticas reflete a falta de passos concretos que expliquem como será feita essa desnuclearização. O próprio Trump admitiu que, depois de se informar sobre o assunto, descobriu que pode ser um processo longo.
Fim dos exercícios militares
Noutro tópico, numa declaração que deixou muitos surpreendidos, Donald Trump disse que os jogos de guerra vão parar e admitiu até que os exercícios militares na Coreia do Sul eram "provocatórios”. Uma contradição em relação ao que a América tinha vindo a defender, ao afirmar, ao longo dos anos, que os exercícios eram rotineiros.
Contudo, para já, os milhares de soldados americanos presentes na Coreia do Sul continuarão por lá.
"Temos 32 mil soldado na Coreia do Sul. Gostava de ser capaz de os trazer para casa, mas isso não faz parte desta equação, para já. Espero que um dia possa ser, mas para já, não é possível”, afirmou Trump.
Esta poderá ser uma prova das reservas de Trump em relação ao cumprimento do acordo. Outra será a questão das sanções, que, segundo o Presidente norte-americano, "serão levantadas quando tivermos a certeza de que as armas nucleares já não forem uma questão”.
Comunidade internacional congratula encontro mas pede mais detalhes
Entretanto, os líderes mundiais dizem-se satisfeitos com a cimeira mas permanecem cautelosos.
A União Europeia classificou a cimeira como "um passo crucial e necessário" para a desnuclearização da península. Federica Mogherini, Alta Representante da União Europeia para Política Externa e Segurança valorizou o poder da diplomacia, que, a par do diálogo "são as únicas formas de avançar, neste caso, em direção à paz duradoura na península coreana”.
António Guterres, secretário-geral da ONU, também congratulou o encontro, apelando que este momento seja aproveitado e ofereceu o apoio das Nações Unidas durante o processo de desmantelamento nuclear.
A Rússia também considerou a realização da cimeira foi positiva, mas espera por poder melhor o conteúdo do acordo, posição similar à da França, que espera por conhecer o documento assinado.
A China fala numa "nova história" e já sugere que o Conselho de Segurança das Nações Unidas acabe com as sanções contra a Coreia do Norte.
Líder coreano sai "vencedor"
Para alguns analistas, Kim Jong-un foi o grande vencedor da cimeira: conseguiu um encontro de igual para igual com um dos principais líderes mundiais, e, em troca das tais "promessas vagas”, conseguiu muito, principalmente no que diz respeito ao fim dos exercícios militares norte-americanos na Coreia do Sul.
Kim Jong-un não falou à comunicação social após o encontro.