Apelo à "Desobediência Civil" em Bissau com fraca adesão
26 de agosto de 2015O cumprimento do apelo à desobediência civil convocada para esta quarta-feira (26.08) pela Aliança Nacional para Paz e Democracia na Guiné-Bissau, no sentido de dar uma resposta àquilo que considera serem "decisões erradas" do chefe de Estado, José Mário Vaz, está a dividir as organizações filiadas na plataforma criada para fazer face à crise política no país.
A DW África foi para as ruas da capital guineense e constatou uma afluência normal dos funcionários públicos aos seus postos de trabalho, bem como a habitual circulação dos transportes públicos urbanos e semiurbanos.
Contudo, Luís Nancassa, porta-voz da Aliança Nacional para Paz e Democracia na Guiné-Bissau, considera que a adesão ao apelo para a paralisação do país “foi razoável” e acrescenta que “as pessoas participaram e os funcionários que foram para os ministérios e outros serviços não trabalharam”.Luís Nancassa, reforçou a sua ideia dizendo que a adesão poderia ter sido melhor mas que houve compra de consciência alegando que “está a circular muito dinheiro para que a Aliança não fizesse parte da desobediência civil”.
O porta-voz faz, também, referência a intimidações às pessoas que estariam dispostas a participar na iniciativa dizendo que “as ruas de Bissau estiveram repletas de polícias como forma de intimidar as pessoas”, concluiu.
"Só ficamos a ganhar com a paz"
Osvaldo Ribeiro, motorista de um transporte misto que faz ligações entre Bissau e Ziguenchor, no Senegal, congratulou-se com a ação desta quarta-feira dizendo que os motoristas deviam aderir à greve por uma causa nacional, não para agradar ao Presidente nem ao primeiro-ministro mas sim para a manter a paz. “Só ficamos a ganhar com isso” remata Osvaldo Ribeiro.
Entretanto, o primeiro-ministro Baciro Dja, ainda não foi capaz de formar o governo, uma semana depois de ter tomado posse.
UA defende respeito por Constituição e neutralidade de militares
O Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA) defendeu, esta quarta-feira (26.08), o respeito pela Constituição e a neutralidade das Forças Armadas da Guiné-Bissau no contexto de tensão crescente entre os principais responsáveis políticos do país.
Em comunicado divulgado pela agência de noticias Lusa, "o Conselho sublinhou o imperativo respeito pela Constituição e o Estado de direito, assim como a absoluta necessidade das forças armadas e de segurança se posicionarem do lado de fora desta crise atual".O mesmo comunicado indicou ainda que esta crise política pode "dificultar a mobilização da assistência internacional que a Guiné-Bissau precisa para a sua recuperação socioeconómica e a implementação das reformas necessárias para a estabilização duradoura do país".
"O Conselho apela à continuidade dos esforços coordenados e engajados para acelerar a resolução da crise atual e pediu, para esse fim, que o presidente da Comissão da UA realize consultas junto da CEDEAO e dos países vizinhos da Guiné-Bissau, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da União Europeia e das Nações Unidas, e que tome as iniciativas necessárias", lê-se ainda no documento.