1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Após sete anos, rapper angolano Sir Scratch divulga 2º álbum

CARLOS, Joao14 de janeiro de 2013

Considerado promessa do hip-hop lusitano, Sir Scratch, nascido em Angola, apresentou "Em Nosso Nome" em Lisboa. Trabalho também será divulgado em Angola e Moçambique. Faixa-título diz: "sou a voz dos sem voz".

https://p.dw.com/p/17Jqm

Noite animada no Music Box em Lisboa. Sala praticamente cheia na última sexta-feira, 11.01. O jovem angolano Sir Scratch escolheu este concorrido espaço da capital para apresentar o seu segundo álbum de originais, lançado em novembro de 2012, com o título Em Nosso Nome. A faixa-título diz que "sou a voz dos sem voz" - uma dedicatória a todos os que se identificam com a arte do hip hop e com as mensagens que procura transmitir.

"É um sacrifício, é aquela teimosia. Não é fácil, hoje, um jovem de 27 anos fazer só música. Foi uma escolha minha - quando acabei o curso secundário, fui fazer um curso de produção e engenharia de som - ou seja, é uma escolha para a qual os pais sempre torcem o nariz, mas Em Nosso Nome é isso: é dedicado a nós, que lutamos pelos nossos sonhos e pelo que queremos fazer", explicou Sir Scratch à DW África em Lisboa.

Ben António - nome de batismo -, ou Sir Scratch, opção como rapper, começou quando tinha 10 anos. O menino que veio de Angola e cresceu na Amadora, no nordeste de Lisboa, escolhe o cognome, que resulta do seu grande fascínio sobretudo pela rádio para ouvir o hip-hop: "Tem um bocado a ver com isso: o scratch [movimento feito pelos DJs nos discos para que a agulha arranhe (do inglês scratch)o vinil], o DJ, e o Sir [é]querer me afirmar também não como um menino", disse Sir Scratch.

A influência de amigos como o rapper português Sam The Kid foi igualmente determinante, mas o músico inspira-se em tudo o que está à sua volta. Segundo Scratch, são "as pessoas, é o dia a dia, tudo isso são pedaços que eu guardo e que se transformam em letra e música".

30 convidados no segundo álbum

Neste album de 17 temas participam 30 convidados, dos quais 19 músicos. "Não só vocalistas: são instrumentistas, pessoal que está a fazer poesia", relata Scratch.

Um dos temas, "Capoeira", é cantado com a brasileira Luanda Cozzetti, dos Couple Coffee (dupla de brasileiros residentes em Portugal), que também subiu ao palco do Music Box. "Esse disco é muito esperado há muito tempo, mas ele [Sir Scratch] é um 'cara' multimídia, gosta de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, gosta de cinema, está sempre produzindo, sempre se mexendo - o que, aliás, é uma coisa bem característica da comunidade do hip-hop aqui [em Portugal]", disse Cozzetti.

Depois do lançamento em Lisboa na última sexta-feira (11.01), Em Nosso Nome vai ser apresentado no dia 25.01, no Porto.

Como há muito tempo não faz concertos próprios, o rapper está curioso em saber qual o sentimento do público em relação a este novo álbum de diferentes sonoridades, que também evoca a crise portuguesa. "Quem vive em Portugal ou pensa a continuar a viver em Portugal, ter carreira, ter filhos em Portugal, crescer e estudar no país, é preciso de ter muita força de vontade e um espírito de sacrifício enorme", avalia o músico. Porém, "quem vinga, essencialmente, é de valor. Por isso, o futuro só Deus é que sabe".

A crise toca a todos e como músico independente era infalível não retratar o tema, afirma Sir Scratch. Por isso, anda entre Lisboa e Dublin (na Irlanda), com ligações a Luanda, em Angola, para onde há já uma proposta de edição do disco. "Tenciono ir a Angola e espalhar um pouco a lusofonia".

Autor: João Carlos (Lisboa)
Edição: Renate Krieger/António Rocha