Anulação das eleições prejudica economia no Quénia
15 de setembro de 2017Depois do veredito do Supremo Tribunal, as ações na Bolsa de Valores de Nairobi caíram vertiginosamente, contabilizando-se prejuízos de mais de 900 milhões de euros. A incerteza causada pela anulação das presidenciais está a prejudicar a economia do Quénia, segundo a Câmara Nacional do Comércio e Indústria. Até que o país volte às urnas, a 17 de outubro, prevê-se uma subida da inflação e o enfraquecimento do xelim queniano.
Em Mombaa, James Mureu, presidente da Câmara do Comércio e Indústria do Quénia, confirmou que a anulação das eleições traz sérias consequências financeiras para o país. "É preciso organizar novas eleições; o tribunal deveria ter tido tudo isso em conta antes de se pronunciar", disse Mureu à DW.
Aproveitamento da situação
Ao mesmo tempo, há quem se aproveite do impasse político, sobretudo no exterior, alerta Mureu: "Temos de ter muito cuidado e tentar entender o que esse movimento significa num panorama mais vasto. Muitos milionários da China estão a visitar-nos. São milionários que adorariam esmagar a nossa bolsa e comprar ações ao preço mais baixo".
Também o pequeno comércio se queixa de quebras de vendas. Num dos maiores mercados ao ar livre da África Oriental, em Mombasa, os vendedores dizem que estão a perder clientes. No mercado de Kongowea, vende-se comida e roupas usadas.
O comerciante Peter Kuuti diz que os preços dos fardos de roupas nas cidades costeiras aumentaram rapidamente, o que obrigou os comerciantes a subir os preços finais: "Nós costumávamos vender um par de jeans a 400 xelins quenianos. Agora custa o dobro: 700 a 800 xelins. Um fardo de roupas, que vendíamos por 10 mil xelins, passámos a vender a 12,500", o equivalente a 100 euros.
O medo impera
Tal como Kuuti, muitos vendedores lamentam o estrago nos negócios. Uma vendedora explica que as pessoas preferem comprar comida a roupa: "Queremos que as eleições acabem para podermos continuar com os nossos negócios”. Outra vendedora diz que o fraco negócio também se deve ao facto de muita gente que deixou Mombaa rumo às suas terras antes das eleições ainda não ter voltado: "Eles têm medo que haja conflitos após as eleições. Por isso, optam por ficar lá".
A Câmara do Comércio pede à classe política que deixe a Comissão Eleitoral queniana fazer o seu trabalho, para que as presidenciais no próximo mês decorram com tranquilidade. Tanto o partido no poder, o Jubilee, como a Super Aliança Nacional, na oposição, criticaram publicamente a Comissão, acusando-a de parcialidade.