Angolanos querem reaver "direitos perdidos"
10 de dezembro de 2017Promovida pela organização não-governamental Omunga, sediada no Lobito, a marcha serviu também para juntar vozes no combate à corrupção.
Numa fase de mudança política em Angola, com a entrada em funções do Governo de João Lourenço, José Patrocínio, coordenador da Omunga, entende que é "o momento de se pôr em prática a normalidade institucional e o respeito pelas liberdades fundamentais".
Há poucos meses, durante o mandato do anterior Presidente José Eduardo dos Santos, seria muito difícil a realização de uma marcha de género.
Questionado sobre o facto de as autoridades locais não terem criado qualquer obstáculo à realização da marcha, José Patrocínio respondeu dizendo que o momento político atual deve ser visto com cautela e com alguma dúvida quanto ao respeito pelos direitos humanos.
"Neste momento, ainda há receios de práticas violentas contra os defensor dos direitos humanos", apontou José Patrocínio. Além disso, "realizamos uma marcha que é diferente de uma manifestação, no sentido do protesto", acrescentou o ativista cívico.
O que acontecia "era absurdo"
Martinho Kakumba, da Associação Juvenil para a Solidariedade (AJS), desvaloriou a pouca adesão à marcha, afirmando que, mais importante do isso, é chamar atenção dos cidadãos de que existe uma data dedicada à defesa dos direitos.
"Muitos direitos foram perdidos, por isso precisamos reaver esses direitos", disse Martinho Kakumba. "O Estado tem que se normalizar. Não é algo de extraordinário o que está acontecer. O que estava acontecer é que era absurdo", concluiu da o responsável da AJS.
10 de dezembro é o Dia Internacional dos Direitos Humanos. A data foi instituída em 1950, dois anos após a Organização das Nações Unidas (ONU) adotar a Declaração Universal do Direitos Humanos como marco legal regulador das relações entre governos e pessoas.