Angola: Uma pessoa baleada após tiroteio em Cafunfo
4 de fevereiro de 2021A denúncia é de um ativista e morador de Cafunfo, segundo o qual o incidente aconteceu no bairro Elevação. A vítima, um outro jovem, terá sido baleada num dos pés. "Houve muitos disparos, como se fosse um confronto entre as forças do Governo e inimigos", disse Jordan Muacabinza.
O ativista deixou seu apelo ao Presidente da República de Angola, João Lourenço, para que o mesmo intervenha no sentido de "apaziguar" a população. O ativista pediu ainda uma comissão de inquérito para investigar o caso.
Ameaças de morte
"Aqui não estão a permitir aos ativistas e defensores dos direitos humanos exercerem livremente o direito de investigar estes casos", declarou Jordan Muacabinza, que disse estar a ser ameaçado de morte.
Jornalistas da agência de notícias Lusa em Angola também relatam terem ouvido disparos por volta das 3h30 (hora local). A Lusa contatou os responsáveis do Ministério do Interior que remeteram esclarecimentos para mais tarde.
No último sábado (30.01), várias pessoas morreram e outras ficaram feridas em Cafunfo, num incidente que envolve a polícia e as Forças Armadas Angolanas (FAA).
Autoridades policiais contabilizaram seis mortos e acusam o Movimento do Protetorado da Lunda Tchokwe (MPLT) de instigar o que denominam rebelião, alegando que as mortes ocorreram durante uma tentativa de invasão da esquadra.
Massacre
Entretanto, moradores, ativistas e os elementos do MPLT afirmam que a polícia disparou contra manifestantes desarmados. O balanço do número de mortes varia entre seis e 25 pessoas.
ONG internacionais, bispos católicos de Angola e a oposição angolana condenaram o que dizem ser "um massacre" e pedem ao Governo que investigue a ação policial.
Segundo avança o Jornal de Angola desta quinta-feira (04.02), o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos angolano, Francisco Queiroz, afirmou que "a investigação impõe-se para aclarar as coisas", pois "estamos num processo de transparência, diálogo e contacto com a sociedade civil", disse.
O referido ministro admitiu ontem que houve violações dos direitos humanos de parte a parte nos incidentes de Cafunfo, província da Lunda Norte, e premeteu a abertura de um inquérito.