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"Angola tem muito que fazer"

Bettina Riffel11 de maio de 2016

O diretor do Instituto Nacional de Estatística de Angola (INE) revela o que será feito com os dados recolhidos para o Censo 2014. Afinal, metade das famílias não tem acesso a água potável e um terço vive com lanternas.

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"População de Angola é muito jovem", lembra Camilo Ceita, diretor do INEFoto: DW/M. Luamba

O recenseamento feito pelo INE revela que na zona urbana do país apenas 57% das pessoas têm acesso a água apropriada para beber. E na zona rural, apenas 22%. O censo refere ainda que as lanternas são a segundo principal fonte de iluminação em Angola: é a elas que recorrem mais de 1,752 milhões de famílias (31,6%).

Após todas as informações recolhidas no país para o Censo 2014, Camilo Ceita, o diretor do Instituto de Estatística, explica que Angola tem agora "muito que fazer". Primeiro, adianta, "todos os programas de políticas do Executivo – e não só da sociedade civil, porque acreditamos que o desenvolvimento não se faz apenas com o Governo, mas com todos os parceiros, sejam privados ou ONG – têm agora condições para, de forma real, poderem reorientar os seus projetos".

Porque a base para qualquer projeto "são as pessoas", sublinha, e "é preciso saber onde e como elas vivem e o que se pode fazer para melhorar as condições de vida delas". A importância do Censo para Angola é vital, completa Ceita, justificando que todos os países precisam saber em que estado se encontra a sua população e a sua nação. Angola já não realizava o Censo desde a década de 1970.

Mas o resultado também teve o seu preço. Segundo o diretor do INE, o trabalho no terreno foi bastante difícil e o recenseamento foi feito com base nas recomendações da Organização das Nações Unidas (ONU), num processo clássico, com questionário em papel e entrevista de casa em casa.

"Antes foi feita uma cartografia do país. Foi necessário, porque sem isto não seria possível colocar os respectivos recenseadores nas suas devidas áreas de trabalho. A atualização da cartografia foi feita em 2012 e 2013", complementa.

População jovem

O Censo 2014 revelou que a população de Angola é muito jovem e a maioria é mulher. Outra característica é que a maioria das pessoas vive em áreas urbanas, diz Camilo Ceita.

Bildergalerie Wasser in Angola
Acesso a água potável ainda é restrito em AngolaFoto: DW/C. Vieira

"Luanda representa quase um terço da população total do país. Temos cerca de quatro províncias com mais de um milhão de habitantes. De igual modo também pudemos caracterizar a área económica, com as taxas de emprego, e também do ponto de vista social, a taxa de fecundidade assim como a esperança de vida", explica.

"Caracterizamos o país com indicadores bastante bons. Mas, por outro lado, há alguns pontos que merecem uma atenção especial do Executivo e da sociedade civil", ressalta.

Com eleições planeadas para o ano que vem, Camilo Ceita diz que o Censo irá ajudar bastante na preparação do escrutínio e "nas estratégias políticas de todos os partidos, porque, no final das contas, o essencial é saber onde estão as pessoas e quantas estarão em condições de votar".

Censo "não vai morrer no papel"

Questionado sobre o risco de todas essas informações não terem serventia nenhuma, o diretor foi claro e explicou que o INE já começou a receber muitos pedidos para que os dados sejam compartilhados.

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"Acho que não vai morrer no papel, mas é preciso fazer um trabalho mais profundo , de sensibilização, porque saímos praticamente do nada para muita informação. É normal que leve algum tempo para se digerir tudo isso", observa Camilo Ceita.

Para concluir, o diretor do INE apela à comunidade internacional para que faça uso dos dados recolhidos e que confie mais em Angola.