Angola: Manchas de petróleo preocupam Cabinda
7 de outubro de 2021O município de Cacongo, no norte da província angolana de Cabinda, já foi vítima de múltiplos derramamentos de petróleo bruto, causados por várias empresas exploradoras de petróleo, entre as quais a Total e a Chevron. Recentemente, os pescadores do município denunciaram que foram encontradas em algumas praias manchas oleosas, resultantes de novo incidente.
João Baptista, vice-presidente da Associação dos Pescadores no município de Cacongo, acusa a Secretaria do Ambiente do Governo da província, entidade fiscalizadora, de não agir com transparência na averiguação para descobrir os culpados.
"Mais de 20 a 30 amostras foram levadas e os resultados nunca foram apurados e simplesmente deixam andar [o processo]. Sempre que as amostras foram levadas ao laboratório deviam publicar os resultados reais. Deviam também chamar a sociedade civil para acompanhar o resultado final", disse Baptista.
Pescadores exigem posicionamento das autoridades
O vice-presidente dos pescadores de Cacongo exige um posicionamento do Governo, dizendo que deve "participar e contribuir para pressionar as empresas exploradoras a cumprirem as suas responsabilidades".
"Nós achamos uma atitude negativa da empresa em não assegurar as suas operações, pelo que são vários derrames que nem chegam muitas vezes à costa. Os pescadores às vezes acabam por encontrar manchas nas redes, provando que há derrame no alto mar", disse João Baptista à DW África.
Muitas vezes, devido à necessidade de sobrevivência, os pescadores sentem-se obrigados a vender peixe contaminado pelo petróleo, descurando as consequências para a saúde.
João Batista alerta: "Nós temos estado a consumir o mesmo peixe e futuramente teremos muitos problemas. Constatamos que pessoas acusam diferentes tipos de doença, como hipertensão, tumores, problemas psíquicos, sem sabermos o que as causa".
Dedo acusador à petrolífera Chevron
Pelé Mavambo, outro pescador, também lamenta a situação. De regresso da faina, explica que que ele e o seu grupo não conseguiram pescar.
"Logo que chegámos encontrámos resíduos de petróleo na beira. Nem adiantava pescar", lamentou Mavambo.
Depois de tomar conhecimento das denúncias, a direção da Chevron em Cabinda disse em comunicado que não foram registadas, durante a semana, quaisquer irregularidades ou derrames nas operações de exploração de óleos.
A petrolífera fez saber ainda que foi mobilizado um helicóptero que efetuou voos de observação, mas não detetou qualquer mancha nas praias e óleos no mar.
A Chevron assegura que vai continuar a vistoriar toda a costa de Lândana, para se apurar se, de facto, houve ou não derrame. Em caso de derrame, a pertrolífera promete participa, na limpeza para garantir a segurança dos pescadores e da comunidade.
A DW contactou a Secretaria do Ambiente de Cabinda, mas sem sucesso.